Ousadia.Com
A ebulição dos negócios relacionados à Internet faz com que sejam registrados índices históricos de crescimento, chegando a 100% ao ano. Agilidade, rapidez e atualização constante já fazem parte de um cenário que exige boa dose de ousadia para a garantia da sobrevivência com sucesso e projeção. É o caso da Terra Networks Brasil (www.terra.com.br). Em depoimento exclusivo, Sergio Pretto, diretor da empresa, conta como foi a trajetória do Rio Grande do Sul para o mundo.
CAMINHADA
Começamos em 1987, em Porto Alegre, com a Nutecnet. Eu e meu sócio abandonamos nossos empregos, ambos na área de informática, para trabalhar em tempo integral com as nossas idéias, que consistiam, no início, no desenvolvimento de softwares de automação de escritório. Na época, percebemos que a Unix seria a plataforma em que a automação de escritório iria crescer, o que nos levou a criar um produto integrado, que era editor de texto, calendário e agenda. No início da década de 90, desenvolvemos uma interface gráfica para um terminal novo que a Edisa estava idealizando. Criamos um terminal que tinha mouse, mas ficava conectado serialmente ao computador. Na seqüência, fundamos uma filial no Vale do Silício e começamos a mandar técnicos aos EUA para buscar suporte, desenvolver produtos, traduzir para o inglês. Isso nos trouxe a vivência do mercado americano e o conhecimento da Internet que estava acontecendo lá. Em 1996, houve a aquisição da maior parte do nosso capital pelo grupo de mídia gaúcho RBS e, em dezembro desse mesmo ano, resolvemos lançar um conteúdo online, que se chamou ZAZ, tornando-se sinônimo de Internet na época, com operação de acesso utilizando o modelo inovador de franquia para expandir a marca do portal com esse nome. Em junho do ano passado, o grupo espanhol Telefônica Interativa adquiriu a Nutec Informática, que passou a se chamar Terra Networks Brasil."
VANGUARDA
"Nós vislumbramos a oportunidade de trabalho nessa área de automação de escritórios, que envolvia muito mais do que conseguíamos enxergar no início. Já tínhamos know how de como desenvolver produtos, mas não de como vender, de como fazer marketing. Isso tudo foi sendo adquirido no decorrer dos anos, sem tempo para esperar. Basicamente, foi um passo atrás do outro, sempre um pouco à frente daquilo que achávamos que podíamos fazer, dando um passo maior que o mínimo necessário para ter sucesso. A idéia era estar sempre à frente da concorrência com produtos mais inovadores ou um canal de distribuição com uma estratégia diferente, minimizando a necessidade de recursos e tentando maximizar a percepção do mercado e a penetração que já tínhamos. Ir para os EUA foi fundamental para o nosso crescimento, sendo um passo ousado para nós, pois não éramos grandes aqui e estaríamos começando uma operação que necessitaria de suporte financeiro, tentando vender para os americanos uma tecnologia criada no Brasil. A intenção era garimpar mercado, achar novos caminhos, à medida que o projeto fosse acontecendo, o que nos manteve abertos e flexíveis às mudanças que estavam acontecendo. Era o momento, a Internet estava começando no Brasil, o governo decidiu democratizar o negócio e nós tivemos a agilidade e a chance de competir com tudo. O modo de fazer as coisas da forma mais barata e acessível foi o nosso molde, contando com uma equipe técnica competente e criativa."
VELOCIDADE
"Estamos passando atualmente por uma carência de mão-de-obra qualificada. Quando se encontra gente capacitada, o custo é muito alto, os salários variam ao gosto do mercado e a rotatividade está muito alta, o que causa um problema sério para o desenvolvimento da área em nível mundial. O próprio profissional que se está formando não tem mais paciência de ficar na escola o tempo necessário para se preparar teoricamente para o mercado. Já sai trabalhando e jogando as coisas no papel sem planejamento, teste e revisão, e o resultado dessa rapidez nem sempre é bom, porque eles não pararam para pensar e projetar o que estão fazendo. Isso leva a um descompromisso que compromete a qualidade e favorece o desperdício. Essa é a nova realidade do mundo da tecnologia, e não adianta querer adotar um pensamento retrógrado para mudar essa situação. Trata-se de um novo modo de trabalhar, e é preciso melhorar em cima disso."
|