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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 453 (10/12/2000)

Vitória no Oriente

O termo dekassegui é originário do japonês, sendo usado para designar o indivíduo que trabalha fora do seu lugar de moradia. No Japão, existem aproximadamente 1 milhão de estrangeiros que desembarcam no país para realizar o sonho da independência financeira. Cerca de 250 mil são brasileiros descendentes de orientais, que muitas vezes vêem seus esforços resultarem em nada pela falta de orientação e de planejamento no retorno ao Brasil. Para evitar que isso aconteça, foi criada a Associação Brasileira de Dekasseguis (ABD) - Tel.: (41) 233-8449 - e-mail: [email protected]. Em depoimento exclusivo, Rui Hara, presidente- da entidade, médico e vereador de Curitiba (PR), fala sobre o que pode ser feito para garantir a reintegração desses novos empreendedores que injetam, em média, US$ 2,4 bilhões por ano na economia nacional.

DEFASAGEM
"A ida de brasileiros ao Japão para tentar a sorte como trabalhadores é um fenômeno que está completando quinze anos. O que sentimos com a experiência na vida pública é que, em cerca de 90% dos casos, eles voltam com dinheiro, montam um negócio que dá errado e acabam retornando ao Japão. Percebemos, também, que muitos dekasseguis não têm espírito empresarial e o tempo de permanência fora do Brasil, que está situado hoje de cinco a dez anos, faz com que eles se isolem do mundo, fechando-se na tentativa de manter a ‘cultura brasileira’. Quando voltam, acabam investindo aquilo que ganharam, utilizando uma mentalidade já defasada. Outro fator que contribui para esse fracasso seria a falta de orientação, muito difícil no caso do dekassegui, que é uma pessoa desconfiada, retraída, acha que está sendo enganada por todo mundo, e aí parte para montar uma empresa por iniciativa própria, sem procurar a ajuda de órgãos ou de profissionais competentes."

ASSOCIAÇÃO
"Começamos esse trabalho de orientação com um grupo de voluntários há três anos, em Curitiba, e já desenvolvemos diversos departamentos, um de apoio às pessoas que estão indo para o Japão, outro que procura orientar os dekasseguis na abertura de negócios na volta ao País e outros que visam a parte social, os aspectos contábil e jurídico. Com o apoio do Sebrae, vamos agora ampliar nossa atuação e criar várias filiais em diversas cidades brasileiras. São José dos Campos, interior de São Paulo, e Londrina, interior do Paraná, serão as primeiras, mas esperamos implementar uma unidade também em solo japonês, onde exista grande concentração de brasileiros. Assim, eles poderão começar a se preparar antes mesmo do regresso, fazendo cursos e recebendo orientação empresarial. O perfil do dekassegui de hoje são pessoas sem formação profissional ou universitária. Como o nível salarial é muito baixo no Brasil, elas procuram a solução trabalhando no Japão, embora sonhem em retornar como vitoriosas. Cada um volta com cerca de, US$ 60 mil, o que dá para iniciar um negócio, desde que haja uma boa orientação. A maioria se concentra na área do comércio, um segmento volátil que exige muita competitividade."

NEGÓCIO À DISTÂNCIA
"Nossos dados revelam que muitas vezes essas pessoas montam uma empresa e, como não possuem outra fonte de renda, não conseguem esperar o tempo de maturação necessário, que geralmente leva de seis meses a um ano. Com isso, comprometem o capital de giro e acabam entrando no vermelho, inviabilizando o negócio. A saída que nós imaginamos seria o gerenciamento desse capital acumulado que, bem direcionado, poderia ser aplicado aqui, em empresas de participação, mesmo durante a estada desses brasileiros no Japão. Quando eles retornassem, não ficariam tão perdidos e também não precisariam concentrar todo o investimento de uma só vez. A idéia consiste em ampliar o leque de atuação para propiciar lucro, não só no comércio mas também na área industrial e, principalmente, na agroindústria, um setor no qual acreditamos muito. Nossa preocupação maior é garantir o sucesso do dekassegui na sua volta ao Brasil. Por isso, recomendamos que ele comece a pensar no que vai investir antes mesmo de viajar, ou seja, a pessoa precisa saber o que vai fazer no Japão, com o objetivo de pesquisar e aprender para depois aplicar esses conceitos aqui."


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