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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 14 (20/11/1987)

Agir é Equilibrar Prudência e Ousadia

Trabalhar com segurança não significa abrir mão do risco. Esse difícil estágio, em que uma ação prudente dá suporte ao arrojo empresarial, é a posição ideal para empresários como Eugênio Staub, diretor-presidente do grupo IGB - Indústrias Gradiente Brasileiras S. A. Essa política define alguns princípios: as decisões na área financeira servem para garantir e proporcionar crescimento ao patrimônio, não para fazer especulação no open; a tecnologia precisa ser desenvolvida no momento certo e atender a realidade do mercado, e não ser instrumento da vanguarda pela vanguarda; os cuidados com o produto devem ser acompanhados de uma bem fundamentada estratégia de marketing e de distribuição, priorizando o consumidor final; e assim por diante.
A IGB, hoje, é holding controladora de seis empresas: Gradiente Industrial S. A., Gradiente Eletrônica S. A., Componam - Componentes da Amazônia Ltda., Açaí Agropecuária Ltda., Polise Corretora de Seguros S/C Ltda. e VTA Amazônia Eletrônica S/C, que é coligada. De capital aberto, desde 1973, o grupo emprega 4 mil pessoas e tem 31 mil e 33 mil metros de área construída em São Paulo e Manaus, respectivamente. Investindo normalmente 5% do seu faturamento em tecnologia, fabrica sistemas integrados e modulares e coloca no mercado ampla variedade de produtos nos segmentos de áudio, vídeo e telefonia.
No depoimento a seguir, Eugênio Staub explica como desenvolve sua ação e como conseguiu, com ela, conquistar 50% do mercado brasileiro de áudio, competindo com poderosos concorrentes internacionais.

RESPOSTA AOS JAPONESES

"A Gradiente tem um objetivo básico: conquistar e ter uma participação rentável, importante e permanente no ramo de bens de consumo eletrônicos duráveis, com prevalência para áudio e vídeo. A indústria japonesa desse setor teve um crescimento tão grande a partir da década de 60 e de tal forma avassalador que conseguiu varrer do mapa, em muitos países, indústrias bem antigas. Há algumas exceções, como a Thompson, na França, e a Phillips, na Holanda, que resistiram ao desafio japonês e apresentaram ainda muito crescimento, mas são exceções e muito diferentes da Gradiente, que também é uma delas.
Isso nos causa estímulo e também preocupação. A resposta a essa questão fundamenta-se em algumas estratégias e na filosofia empresarial - bem-sucedida, até agora - que nós implantamos, mantendo fidelidade aos princípios dos fundadores da empresa. Ela foi criada em 1964 por quatro estudantes de engenharia e, desde o seu início, a preocupação básica era colocar no mercado um produto novo, sofisticado. Enquanto no Brasil ainda se comercializava os chamados vitrolões a válvula ou conjuntos modulares de som, a Gradiente lançou um produto com transistores de silício de última geração.
Hoje, produzimos equipamentos muito mais sofisticados em tecnologia. Mantemos, inclusive, uma equipe de 140 pessoas que se dedica exclusivamente à tecnologia de produto. Contamos, também, com uma pequena empresa em Tóquio, num bairro-laboratório, bastante avançado, onde doze pessoas trabalham num escritório com o objetivo básico de desenvolver estudos tecnológicos."

CRIATIVIDADE E ACOMPANHAMENTO

"Respeitados os limites da ética, fazemos o que for necessário para nos manter atualizados. A idéia não é só ter tecnologia certa no momento exato mas também fazer com que isso seja assimilado pela empresa. Examinamos, com critério, os produtos dos concorrentes, que é uma prática saudável adotada por muito tempo, especialmente pelos japoneses, não para reinventar o produto, mas para aprender com os erros e acertos de seus fabricantes.
Só não praticamos pirataria de baixo nível, a exemplo de indústrias que subornam funcionários de um concorrente, aqui ou no exterior, para alcançar suas metas.
Com criatividade, diversificação de atitudes e, principalmente, com esse acompanhamento severo do que acontece no mundo, além de desenvolvimento próprio, nós temos sido capazes de oferecer ao mercado brasileiro um produto mais atual em relação aos nossos concorrentes. É claro que, para isso, ajuda a proteção aduaneira, ou melhor, nossos concorrentes estão todos aí, mas, para participar do mercado brasileiro, eles têm que fabricar no País."

AVANÇANDO COM SEGURANÇA
"A indústria japonesa está na estratosfera do produto, da tecnologia e, portanto, sem condições de atender um segmento que estamos priorizando hoje. Normalmente, o consumidor é leigo ou se julga como tal, mostrando-se temeroso, diante de um produto tecnologicamente mais avançado. Aí é que entra a importância do vendedor da loja. Esse ponto-chave também foi percebido pelos quatro fundadores da Gradiente, logo que começaram a comercializar seus produtos. Trataram de se aproximar dos profissionais de venda, à medida que a empresa produzia mais amplificadores.
A empresa conta, hoje, com 650 revendedores e 500 postos de assistência técnica espalhados por todo o País. Mas o cliente para nós é o consumidor final, enquanto as lojas atacadistas, nossos distribuidores e aliados podem contar com todo o apoio da empresa, desde margem de lucro adequada até um treinamento específico.
Do ponto de vista industrial e financeiro, procuramos fundamentar a filosofia da Gradiente na manutenção e no incremento do que chamamos de poderio tecnológico, financeiro, mercadológico e industrial. Procuramos ser uma empresa segura, mas não tão conservadora a ponto de prejudicar o seu desenvolvimento, já que o arrojo é um componente importante na nossa estratégia empresarial."


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