Home











...



« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 16 (17/12/1987)

Verticalização na Ponta do Lápis

Verticalizar e diversificar são os verbos conjugados pela Labra Indústria Brasileira de Lápis S. A. para enfrentar a sazonalidade e a concorrência, que no mercado brasileiro se restringe à poderosa multinacional Johan Faber. Assumir todo o processo de industrialização não é uma tarefa fácil, pois a produção do lápis implica dominar matérias-primas tão diversas quanto a madeira e a tinta. E partir para produtos diversos, como perfumes, alimentos, cofrinhos plásticos e vários itens do material escolar, significa desenvolver uma sofisticada estratégia de marketing através da parceria com marcas famosas, como a Disney.
A empresa foi criada em 1979 por um grupo de empresários do setor madeireiro - Zattar, Fayete e Castens, Zanon, Reis e Gujelmin - que, na época, se uniram para comprar a Fritz Johansen, que tinha uma fábrica no bairro da Lapa e pertencia ao grupo Gillette. Logo depois da compra, a fábrica foi transferida para um barracão de 1,8 mil metros quadrados em Curitiba, onde trabalhavam os sócios. Hoje, são sete empresas compradas pela necessidade de consolidar essa filosofia de verticalizar e diversificar: Labra Lápis, Labra Plásticos, Paranol Tintas, Pharmantiga, Labra Agro-Pastoril, Labra Alimentos e a ITL - Indústria Tecnológica de Lápis, em Portugal.
O objetivo é expandir a presença na Europa, onde se faz o melhor lápis do mundo, segundo Miguel Zattar, diretor-presidente da Labra. A seguir, ele fala sobre as decisões estratégicas do grupo, que já detém cerca de 30% das vendas de lápis do País.

ALTOS INVESTIMENTOS

"No início, havia domínio sobre a matéria-prima principal, a madeira, mas era preciso buscar a tecnologia do produto em si. Começamos a buscar essa tecnologia, tudo bem planejado e dentro de um esquema profissional. Foram contratados especialistas e profissionais para a direção e todos os cargos executivos. Hoje, produzimos quase toda a matéria-prima necessária para o nosso lápis. Não é fundamental verticalizar tudo, mas, no caso do Brasil, isso é muito importante, pois aqui existem dificuldades de importação e corre-se o risco de enfrentar períodos de escassez no mercado internacional.
Providenciamos nosso insumo principal através da Labra Agro-Pastoril, que vai plantar 10 milhões de árvores em dez anos. Adquirimos três grandes áreas em Pariquera-Açu, Paranaguá e Curitiba e estamos hoje com 3 milhões de árvores já replantadas. Estamos fazendo experiências com essências exóticas, já que, basicamente, usamos o pinus e a caixeta, que é uma madeira do litoral. O grafite é extraído em Minas Gerais e comprado de terceiros, mas é preparado na fábrica de Curitiba com outros componentes.
Nesse setor são necessários altos investimentos para a infra-estrutura e a tecnologia de produção, e é por isso que estamos sozinhas junto com a Faber no mercado brasileiro. A madeira deve ser perfeita, sem nó, reta. Seu tratamento é um processo muito difícil, que exige normas rígidas. O principal é a secagem, momento em que há uma perda razoável de material."

PRODUZIR O ANO TODO
"Para enfrentar a sazonalidade - 75% das vendas são realizadas no segundo semestre -, procuramos novos usos para nossa matéria-prima e novas estratégias de marketing e vendas, como colocar nossos produtos em supermercados. Estes, por suas características, ampliam o período de vendas, além de permitirem o aproveitamento do pequeno reaquecimento do mercado em março e abril. Apesar de todas essas providências, estamos longe de nos livrar da sazonalidade. Temos que produzir o ano todo, mantendo nossos 1,2 mil empregados na fábrica de lápis, que produzem diariamente 1,2 milhão de unidades.
Administrar uma empresa que simultaneamente enfrenta a sazonalidade e precisa de um grande patrimônio em terras não é fácil. Por isso, foi adquirida a Paranol Tintas, que trabalha durante o ano todo e comercializa 80% da sua produção, fazendo tintas especiais para a indústria e para a sinalização de estradas. O faturamento da Paranol cresceu de US$ 1 milhão por mês para US$ 25 milhões por mês.
Demos, também, ênfase à distribuição, criando em 1981 um esquema que cobre 23 estados, com escritórios nas principais cidades do País. As vendas são realizadas em sua maioria por representantes autônomos, que levam o produto tanto ao atacado quanto aos grandes varejistas. Estamos dando um prazo maior aos atacadistas - entre sessenta e noventa dias -, que vivem hoje num esquema financeiro muito difícil."

PORTUGAL ESTÁ PRÓXIMO
"A indústria farmacêutica e cosmética Pharmantiga atraiu-nos devido ao seu lápis cosmético. No início, adquirimos 20% das ações, mas, hoje, já temos 100% e sua linha de produtos já foi ampliada para oitenta itens, incluindo perfumes e colônias. Depois dessa aquisição, os sócios sentiram a necessidade de iniciar a exportação. Primeiro, a direção foi a América Latina, devido à proximidade, mas, depois, a Labra partiu para a Europa, realizando algumas associações com empresas alemãs e italianas, procurando absorver tecnologia. Até que houve a chance da compra de uma pequena fábrica em Alcobaça, cerca de 100 quilômetros de Lisboa, há dois anos.
A ITL foi remodelada, e até agora investimos cerca de US$ 1 milhão nela. Uma parte das exportações passou a ser feita diretamente por ela. Escolhemos Portugal, devido à sua incorporação à Comunidade Européia e também devido à língua. Por enquanto, exportamos apenas 2% do faturamento, mas nós queremos ampliar esse índice e atingir 5%.
A Labra funciona quase como uma holding, embora seja apenas uma controladora das outras. Todas as fábricas têm administrações individuais e completas. Em cada uma há um diretor-técnico e um diretor administrativo financeiro. A direção fica para um dos quatro sócios atuais - já que Gujelmin deixou o grupo -, com alternância de três anos."


« Entrevista Anterior      Próxima Entrevista »
...
Realização:
IMEMO

MANTENEDORES:

CNS

CRA-SP

Orcose Contabilidade e Assessoria

Sianet

Candinho Assessoria Contabil

Hífen Comunicação


Pró-Memória Empresarial© e o Programa de Capacitação, Estratégia e Motivação Empreendedora Sala do Empresário® é uma realização do Instituto da Memória Empresarial (IMEMO) e publicado pela Hífen Comunicação em mais de 08 jornais. Conheça a história do projeto.

Diretor: Dorival Jesus Augusto

Conselho Assessor: Alberto Borges Matias (USP), Alencar Burti, Aparecida Terezinha Falcão, Carlos Sérgio Serra, Dante Matarazzo, Elvio Aliprandi, Irani Cavagnoli, Irineu Thomé, José Serafim Abrantes, Marcos Cobra, Nelson Pinheiro da Cruz, Roberto Faldini e Yvonne Capuano.

Contato: Tel. +55 11 9 9998-2155 – [email protected]

REDAÇÃO
Jornalista Responsável: Redação do Jornal O Estado de S. Paulo • Repórter: ;
Revisão: Angelo Sarubbi Neto • Ilustrador: Novo

PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTAS ENTREVISTAS sem permissão escrita e, quando permitida, desde que citada a fonte. Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte da obra em qualquer sistema de processamento de dados. A violação dos Direitos Autorais é punível como crime. Lei nº 6.895 de 17.12.1980 (Cód. Penal) Art. 184 e parágrafos 185 e 186; Lei nº 5.998 de 14.12.1973


Hífen Comunicação
© 1996/2016 - Hífen Comunicação Ltda. - Todos os Direitos Reservados
A marca Sala do Empresário - Programa de Capacitação, Negócios e Estratégia Empresarial
e o direito autoral Pró-Memória Empresarial, são de titularidade de
Hífen Comunicação Editorial e Eventos Ltda.