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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 20 (23/03/1988)

Recursos Humanos Definem Estratégia

O relacionamento entre empresa e comunidade torna-se produtivo quando existe consciência, de ambos os lados, sobre a importância dos valores adotados nesse convívio. Essa sintonia acaba provocando resultados que extrapolam a geografia local e ganham o mundo. Foi o que aconteceu com a Fundição Tupy.
Ela foi fundada em Joinville, Santa Catarina, por Albano Schimidt, em 9 de março de 1938, a partir de uma modesta oficina de consertos que começou a funcionar 41 anos antes, em 1897. Para se transformar, em meio século, na maior fundição independente da América Latina, disputando, ainda, o pioneirismo e a liderança no mercado químico-plástico, a empresa - que faz parte de um grupo que fatura US$ 250 milhões por ano - investiu pesado em recursos humanos. Das 12,5 mil pessoas empregadas, 9 mil estão em Joinville. Esse total, somado às famílias, representa 10% da população da cidade, atualmente com 450 mil habitantes.
Como conta o atual presidente do conglomerado Tupy, Raul Schmidt, sobrinho do fundador, o treinamento constante tem sido a base de sua administração, descentralizada e profissionalizada, apesar de ser uma empresa familiar. Para ele, o lucro não pode estar desvinculado da responsabilidade social e da administração eficiente dessa responsabilidade.
Isso faz com que o grupo Tupy invista em educação, inclusive fora dos seus portões. Essa realimentação constante permitiu o crescimento e também a diversificação, como conta Raul a seguir.

FORMAÇÃO CONTÍNUA

"Somos uma empresa com forte conotação social desde o início. Quando falo em administração diferente, sem paternalismo, penso numa empresa que dá chance para as pessoas desenvolverem-se. Nosso plano é traçado diante da certeza do que somos e pretendemos ser. Existe toda uma divisão mantendo as empresas em grupos, mas cada uma tem personalidade própria. Há diretores absolutamente independentes, e o controle de gestão dessas áreas é feita por uma holding. As empresas têm seus departamentos de Relações Industriais, mas Recursos Humanos está na holding, o que nos permite um melhor delineamento de nossos planos e objetivos, em que em primeiro lugar está o ser humano.
Nosso fundador já procurava pessoas com nível universitário que pudessem ter futuro, porque tudo antes era na prática e pela prática. Queria montar a retaguarda. Foi aí que ele teve a idéia da Escola Técnica Tupy, implantada em 1950. No primeiro ano, conseguimos formar só quatro alunos, no segundo, dois, e, no terceiro, dezoito. Quase chegamos ao desespero. Esses primeiros alunos foram aliciados do ginásio de Joinville, porque ninguém se interessava pela técnica. Tivemos de convencê-los.
Por ser a maior empregadora do Sul, temos muitas dificuldades de mão-de-obra. Você tem mão-de-obra até certo nível. Pode ainda trazer engenheiros de fora, mas falta é aquele nível intermediário. Por isso montamos os cursos de técnica em mecânica e metalurgia. Hoje, temos gente em posições-chave, dentro da empresa, que saiu de nossa própria escola. E temos uma estratégia especial de Recursos Humanos.
Agora, estamos introduzindo o curso Master para entrosar ainda mais todos os diretores das diferentes empresas numa única cultura. Treiná-los para que tenham como uma das principais preocupações a formação de gente num processo contínuo. Não damos muito valor a quem só sabe trabalhar sozinho, não forma equipes. Não adianta destacar-se como indivíduo, se o conjunto permanece ruim."

A DIVERSIFICAÇÃO ENTRA NA RODA

"Já no tempo do fundador, começamos a mudar um pouco nossa filosofia. A missão da empresa é um questionamento constante entre nós, e fomos assumindo, além do ferro maleável, o modular e o cinzento. Foi nas mãos de Dieter Schimidt, falecido em 1981 num acidente de avião e filho de Allbano, que a empresa começou a diversificar. Foi fundada em agosto de 1961 a Tupy Tupiniquim, que marcou nossa entrada no setor químico-plástico.
Com o domínio da tecnologia do poliestireno expandido - o conhecido isopor -, os serviços da nova fábrica foram ampliando-se e agora estão diversificados em outras nove unidades do grupo, que atuam em quatro áreas de negócio: tubos e conexões, termotécnica, fios e linhas e tecnoplásticos. De 1983 para cá, com a expansão dos negócios, foram adquiridas três fábricas em Manaus, as unidades de São Bento do Sul, Rio de Janeiro e a de injeção plástica em São Paulo.
A área de fundição da Tupy está dividida entre duas outras empresas: a Tupy Metaltécnica, pioneira e com exclusividade na América Latina no processo de fundição contínua em moldes de grafite com resfriamento controlado; e a Granalha de Aço, fabricante de granalhas de ferro e aço, além de equipamentos para limpeza e decapagem mecânica, equipamentos de controle de poluição de ar e moinhos e bombas de drenagem para garimpos.
O setor metalmecânico representa 60% dos negócios do grupo. Não queremos perder nossa posição de liderança, por isso estamos modernizando e racionalizando. Temos que nos manter competitivos e continuar firmes no mercado de fundidos, pois acreditamos que o Brasil irá assumir uma boa parte da demanda desse material em todo o mundo em poucos anos."

EDUCAR É A SOLUÇÃO - "Estamos numa crise política, mas principalmente numa crise de valores, porque não temos educação. Falhamos muito nesse sentido, e isso precisa ser revertido com urgência, pois a educação é o caminho para tirar este país do caos. Mas é um caminho demorado e, por isso, a iniciativa privada precisa ajudar. A Escola Técnica Tupy, que formou mais de 10 mil alunos até hoje, é um exemplo de como os empresários podem auxiliar. Que ninguém espere que o governo faça isso sozinho, porque não vai fazer."


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