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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 103 (27/03/1994)

Serviço Inédito no Ponto Certo

A redundância no mundo dos negócios é tão nociva quanto a falta total de iniciativa. Não basta criar uma empresa, é preciso que ela seja diferenciada, explore novos nichos e invente soluções. O empresário brasileiro precisa deixar de copiar idéias alheias e acreditar que é possível ter sucesso trilhando caminhos inéditos. É comum, por exemplo, multiplicarem-se firmas de telepizza, como se isso fosse a única saída para quem gosta de trabalhar com comida a domicílio. Porque não um Disk-Paella?
Esse é o nome da marca utilizada pelo engenheiro uruguaio Yamandu Rodriguez Villalba, que fundou, em 1992, La Paella Refeições Ltda. - Tel.: (011) 61-6425 e 536-0440. Sua criatividade acertou no veio. Com um pequeno investimento - aproximadamente US$ 3 mil -, ele desenvolveu uma solução para quem gosta desse prato típico do Sul da Espanha e quer desfrutá-lo em casa. Com equipamento básico de cozinha industrial e uma nova embalagem especialmente desenvolvida para seu produto - que perde quatro graus de calor por hora -, ele conseguiu recuperar o investimento em apenas sessenta dias.
Agora, prepara-se para expandir seu negócio através de franquias. No depoimento a seguir, Yamandu, hoje com 50 anos, fala sobre a importância das idéias na vida empresarial e das lições que tirou de experiências bem e malsucedidas.

A PONTE ENTRE PRODUTO E MERCADO

"Tinha acabado de vender meu restaurante espanhol em Ubatuba e estava com um amigo numa pizzaria que também atendia a domicílio e tive o estalo. Sabia que o mercado existia, pois o brasileiro gosta muito de arroz e de frutos do mar, elementos básicos de uma paella, em que entram também carnes variadas. O problema era como atingir esse mercado. Era preciso criar soluções técnicas.
A paella é um produto especial, feito num recipiente de ferro, que leva vários ingredientes e é servido do fogão à mesa. Não poderia ser encarado como fast-food, pois trata-se de comida tradicional, sofisticada, que leva 45 minutos, em média, para ficar pronta. Conseguimos paellera com prensagem em chapa de ferro, de boa qualidade e a um custo razoavelmente barato. A principal questão dos fornecedores também foi resolvida: compro os frutos do mar em Ubatuba, que são preparados e congelados.
Graças à embalagem que criamos, o prato é servido a 90 graus. Com isso, tudo foi solucionado. Tínhamos o produto e o ponto, faltavam o preço e a promoção, pois esses quatro itens são fundamentais em qualquer negócio. Servimos, hoje, quatro tipos - Valenciana, Marinheira, Especial e Montanhesa -, a preços que variam entre US$ 22 e US$ 31. A promoção foi feita através de folhetos coloridos, que deram um bom retorno, e de reportagens, já que o ineditismo da idéia atraiu a atenção da imprensa."

EVOLUÇÃO RUMO À FRANQUIA
"Já estamos vendendo, em média, quatrocentas paellas por mês e procuramos aprimorar o produto através da pesquisa constante dos clientes, que estão cadastrados no nosso computador. Também estudamos a eficiência do ponto escolhido, a partir da incidência das chamadas. Estou situado a seis quarteirões da 23 de Maio, a três da Ibirapuera e a dois da Bandeirantes, mas estamos atingindo também Santo Amaro, Moema, Jardins, Morumbi, Brooklin, Higienópolis e Santa Cecília. Brevemente, vamos atingir outras regiões, como Butantã e Perdizes. A entrega, dependendo do bairro, é feita por motoqueiros e, quando isso não é possível, o próprio cliente vem até nós. Descobrimos que o ponto ideal ficava um pouco mais distante e decidimos, então, ampliar o sistema de distribuição. O planejamento e a administração estão sendo feitos, felizmente, com a ajuda dos consultores do SEBRAE/SP. Fazemos o levantamento de todos os elementos necessários para podermos abrir franquias.
Já recebemos algumas propostas interessantes, mas esse é um assunto complexo e delicado. Acho que, com US$ 5 mil, daria para montar um Disk-Paella. No primeiro semestre, já dá para atingir o ponto de equilíbrio e, daí por diante, é só lucro. Às vezes, fico apavorado com algumas franquias, que exigem altíssimos investimentos e retorno só depois de três anos. Mas temos, também, outras idéias, como vender a paella congelada em supermercados, por que não? Ao mesmo tempo, estamos entrando em contato com pessoas que estão investindo em soluções, como um empresário que vai lançar o arroz para a paella."

IDÉIAS DÃO TRABALHO
"Cheguei há trinta anos no Brasil, formado como químico industrial. Fui trabalhar no laboratório da Bayer, mas, como meu pai tinha um curtume na Argentina, foi nesse nicho que investi mais trabalho. Depois de um ano e meio, cheguei a montar meu próprio curtume, onde comecei a confeccionar um tapete de pele de carneiro, que foi um êxito fantástico. Mas acabei vendendo o curtume e voltei para a Argentina.
Vim novamente ao Brasil, em 1972, e trabalhei como encarregado de exportação de calçados na Alpargatas. A Glaspac, que é uma das firmas mais antigas de fiberglass, também me contratou. Desenvolvi um projeto de trailer anfíbio, mas a Glaspac não topou. Abri, então, uma indústria, a Technos Engenharia, que chegou a ter 286 funcionários e fechou, devido à crise econômica. Depois, montei o restaurante espanhol em Ubatuba. Moro lá e faço consultoria para uma firma de fiberglass.
Quem cuida da Disk-Paella é minha filha. Venho aqui duas vezes por mês, pois esta pequena empresa está funcionando como se fosse uma multinacional, com tudo medido e computado. Penso até em utilizar uma linha de crédito para ampliar o negócio, pois acredito neste país fantástico, que, infelizmente, ainda está dividido entre modernidade e feudalismo. Penso 24 horas no meu empreendimento, em como melhorar e atacar mais o mercado. Nenhuma boa idéia nasce espontaneamente, é preciso trabalhar muito para chegar lá e prestar atenção nas tendências do mercado."


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