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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 105 (10/04/1994)

Cientistas Aterrissam no Mercado

Há um sopro de renovação nas atividades produtivas brasileiras, rompendo o fosso existente entre a informação estocada nas universidades e um mercado preso a velhas fórmulas. Empresas como a Job Engenharia e Consultoria, de Campinas - tel.: (0192) 43-7378 - fazem a interface entre os dois lados, desencadeando processos de múltipla criação no mundo dos negócios.
Para os dois cientistas envolvidos nesse empreendimento, fundado em 1991, Johnson Francisco Ordoñez e Olavo Oliveira Filho, a experiência empresarial tem sido estimulante. Ambos são mestres em engenharia mecânica que se especializaram em áreas diferentes. Johnson trabalha com criogenia, que é o estudo e a aplicação de temperaturas 200 graus abaixo de zero, em média, um conhecimento adquirido em indústrias e instituições de pesquisa do Brasil e do exterior. E Olavo especializou-se em ciências térmicas pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, tendo trabalhado por nove anos no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Eles juntaram forças para fazer da Job Engenharia uma empresa que lida com sistemas criogênicos, projetos térmicos e mecânicos e tecnologia de vácuo. E aprenderam que o pequeno empresário precisa diversificar suas atividades para manter-se vivo num mercado em mutação, como eles contam no depoimento a seguir.

AS VANTAGENS DE SER FLEXÍVEL
"Toda pequena empresa precisa diversificar sua atuação, não ficar restrita a setores e áreas. No nosso caso, só a consultoria foi insuficiente. Foi preciso trabalhar com produtos e representações, pois, assim, é possível ficar imune às oscilações do mercado, graças a uma flexibilidade maior. Isso é importante numa época como a nossa, em que existe uma reconsideração mundial dos valores, e num país como o Brasil, muito mais aberto às inovações do que os países ricos.
Lá fora, existe muita rigidez e também uma resistência enorme das grandes corporações, que fazem pressão para que seus interesses não sejam contrariados. O Brasil, por não ter uma diretriz bem definida, cresce graças à iniciativa das pessoas. Aqui, existe um terreno muito mais propício para implantarmos novos métodos de produção e novos produtos na praça. O mercado brasileiro abriu-se, já não depende mais dos mesmos projetos e fornecedores. É preciso, então, que as empresas ofereçam um serviço de melhor qualidade e uma tecnologia mais elevada para os consumidores.
O importante é quebrar essa cadeia de imobilismo, herança cultural que o brasileiro enfrenta dentro de si, pois tende a ficar esperando o que os outros vão fazer por ele. Mas, felizmente, até a própria universidade está transformando-se, adaptando-se às novas condições de exigência. Hoje em dia, devido à concorrência crescente entre os profissionais, os alunos entram na faculdade já pensando no mercado de trabalho. O relacionamento entre universidade e aluno está ficando bastante prático."

A GELADEIRA ECOLÓGICA VEM AÍ
"O congelamento tradicional destrói a maioria das células do alimento. O processo criogênico faz o contrário, mantém as propriedades de sabor e nutrição, garantindo a qualidade do consumo. Queremos disseminar a tecnologia do frio para, por exemplo, transformar freezers, geladeiras e refrigeradores de ar em equipamentos modernos, adequados aos desafios atuais. Além da eficiência, eles terão outra vantagem, que é a eliminação dos compostos de CFC, que destroem a camada de ozônio.
No ano passado, nós publicamos um artigo numa revista americana, e o presidente de uma empresa dos Estados Unidos veio conversar conosco. Foi uma surpresa, pois esperávamos representá-lo no Brasil, mas ele queria que essa representação fosse mundial. Ele tinha feito uma seleção entre várias empresas, consultando as qualificações. Ficamos gratificados.
Essa empresa investe muito em pesquisa e tem desenvolvido novos ciclos de refrigeração e novas tecnologias na área de criogenia. Um dos projetos teve um financiamento entre US$ 250 mil e US$ 300 mil, que inclui o custo do primeiro protótipo. Eles estão repassando-nos os dados desse trabalho semanalmente, pois querem que façamos uma interface, transpondo essa tecnologia acadêmica para o nível industrial. Já temos feito alguns contatos e acreditamos que haverá um interesse muito grande."

COMO ARMAZENAR O BIO-GÁS?
"Verificamos que não existia no mercado nacional nenhuma empresa de consultoria na área de criogenia. É claro que existem empresas estabelecidas do ramo, mas que fabricam produtos e prestam serviços acoplados com as vendas. Nossa idéia foi dar assessoria técnica a todos os profissionais e às empresas que necessitarem dessa especialização. Decidimos, também, abrir o leque, entrando na modelagem térmica, na tecnologia de vácuo e nos projetos mecânicos. Estamos também lançando um novo produto, que são conexões de aperto manual, utilizadas tanto para vácuo quanto para pressão de gás.
Um dos nossos trabalhos foi desenvolver o modelo e a simulação térmica para a fabricação de lingote com um furo no meio, para a Eletrometal. O objetivo desse produto é facilitar a indústria de forjamento, beneficiando, por exemplo, a confecção de sondas petrolíferas que precisam de tubos com alta resistência mecânica. Outro projeto importante, pedido pela prefeitura de São Paulo, é verificar a possibilidade de se liqüefazer o biogás, que vem do lixo e não é aproveitado, em grande parte porque não existem condições de armazenamento.
Se esse produto for transformado em metano criogênico, pode-se fazer o armazenamento a menos 161 graus centígrados. Isso poderia ser aproveitado nos ônibus municipais, caminhões e veículos da prefeitura. O gás natural na forma criogênica é outro projeto que não foi utilizado ainda no Brasil, porque não temos tradição em criogenia. Felizmente, estamos contando com o apoio do SEBRAE/SP para divulgar nosso trabalho, especialmente através de feiras internacionais. Ficamos surpresos em contar aqui, no Brasil, com uma instituição como essa, com nível de Primeiro Mundo."


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