Home











...



« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 106 (17/04/1994)

Gestão Moderna Renova Pneu Usado

Recauchutar pneu é aproveitar sua estrutura e aplicar uma camada de borracha em cima, suficiente para que ele possa rodar mais alguns milhares de quilômetros. Não é o mesmo trabalho da borracharia, que apenas tapa furo e, quando o estabelecimento não é de confiança, risca a base do pneu para que ele pareça novo. Isso parece óbvio, mas muita gente costuma confundir as duas funções. Só quem é do ramo percebe as manhas, os equívocos, os vícios e também as potencialidades do setor.
É o caso de Alfredo José Martins da Conceição, um economista de 27 anos que assumiu as funções de diretor administrativo da firma em que seu pai, Manoel, e seu tio, Antônio, são sócios-proprietários. Na Recauchutagem de Pneus Renovar Ltda., - tel.: (011) 427-3300 -, localizada em Jandira, na Grande São Paulo, que tem 35 funcionários, ele foi convocado para criar soluções contra os efeitos da crise. Em vez de admitir a decisão mais comum, corte de pessoal, Alfredo procurou fazer um levantamento dos custos, para saber onde estavam os ralos do desperdício.
Descobriu, junto com a direção e os funcionários, sucata no meio das rotinas de trabalho, tempo ocioso dos equipamentos ligados, dificuldades na área de vendas, deficiências no atendimento, entre outras coisas. No depoimento a seguir, ele fala sobre diagnóstico e tratamento num setor que precisa sair do imobilismo.

RENOVAR É FAZER O ÓBVIO
"A família era do ramo de padaria e resolveu mudar radicalmente, comprando essa empresa, em 1975. Trabalho aqui, há sete anos, e aos poucos meu espaço foi-se ampliando. De três anos para cá é que modifiquei minha função, passando a trabalhar mais ativamente na administração. A resistência a novas idéias é muito forte nesse setor, mas ela cede, à medida que a crise aperta. O empresário, então, pergunta o que fazer.
Para iniciar esse trabalho, pedi suporte técnico e orientação da consultoria do SEBRAE/SP. O que tento fazer hoje é mudar o conceito da empresa, fazer as pessoas pensarem de maneira mais simples. Não adianta colocar computador, se você não consegue modificar a postura e o comportamento dos funcionários. Introduzir a cultura da mudança, apostar na modernidade, não é tornar a empresa modernosa, é simplesmente fazer o óbvio.
Remanejamos, por exemplo, a produção, adaptando a idéia das células, fazendo com que o funcionário trabalhasse por pneu recauchutado, aumentando, assim, sua responsabilidade diante do resultado final e tentando acabar com os problemas antes que eles acontecessem. A maior dificuldade é conseguir mudar de fato os hábitos, pois, se num dia tudo corre bem, no dia seguinte as coisas voltam ao de sempre.
Outra providência foi tirar todos os materiais para fora e colocar para dentro só o que realmente era usado. O que sobrou era sucata, que foi vendida. Com o dinheiro, comprei material necessário para se trabalhar com mais eficiência. Faltava apenas olhar a coisa no seu detalhe."

INFORMAÇÃO, INSUMO BÁSICO

"A falta de comunicação costumava provocar vários problemas. Foi difícil fazer uma planilha de custos que batesse com a realidade. Isso foi, aos poucos, mudando, graças à colaboração da direção e dos funcionários. Só depois de conseguir disseminar a informação é que começamos a comprar computador. O primeiro que adquirimos causou um rebuliço. Era apenas para tirar nota fiscal, mas sofremos um ano de suspiros de saudades do procedimento anterior, principalmente quando faltava luz. Alguns até acharam que o equipamento era para jogar videogame.
Esse tipo de reação é muito natural, e o importante é que os proprietários estavam apostando na mudança. Para incentivar a participação dos funcionários, procuramos criar novas condições de trabalho, pois você não pode pedir produtividade, se não existe um ambiente saudável para produzir. Aqui, eles aprendem praticamente tudo, já que não temos, no Brasil, uma escola de recauchutagem.
O importante, nessa tentativa de tornar o funcionário seu parceiro, é não blefar, é começar um processo e ir até o fim. Temos sido persistentes e, se as coisas voltam para trás, começamos de novo, só que, desta vez, num patamar um pouco mais acima. Assim, as mudanças começam a ocorrer de fato. Criamos novos referenciais, como a conversa franca sobre os procedimentos e cobrança na hora de erro, para o funcionário sentir que estamos falando sério."

PRODUTO INÉDITO FACILITA REFORMA
"O importante é o conceito que as pessoas têm da empresa em que trabalham. Estamos modificando esse conceito, para melhorar o atendimento e a imagem da empresa no mercado. Nosso forte são os clientes de transporte de carga, mas queremos ampliar esse espectro, pois trabalhamos com 30 a 40% de capacidade ociosa. Podemos reformar entre 2,55 mil a 3 mil pneus por mês, mas estamos com uma média de 1,8 mil.
Temos uma equipe de seis vendedores, que trabalham com caminhões que fazem o recolhimento do material. Estamos, também, organizando melhor essa área, pois é preciso ter alguns critérios para trabalhar em vendas, e não depender apenas do 'feeling' do vendedor. O problema é que existe muita desconfiança na praça e também muitos vícios. Muitos clientes costumam ver apenas preço, não se dando conta de que a concorrência predatória, que oferece vantagens, também distribui falta de qualidade.
Um dos nossos trunfos para enfrentar a concorrência é o uso de um novo produto que foi criado internamente e vamos lançar no mercado. Trata-se de uma câmara-de-ar adaptada à estrutura interna do pneu, que facilita o manuseio da recauchutagem, dispensando a prensa. Usamos um aro adaptado, que é também patente nossa, e a câmara. Esse processo ocupa menos espaço, e a produção fica mais simples, pois o trabalho pode ser feito de pé. Para viabilizar o produto, criamos uma empresa nova, ainda sem nome definido."


« Entrevista Anterior      Próxima Entrevista »
...
Realização:
IMEMO

MANTENEDORES:

CNS

CRA-SP

Orcose Contabilidade e Assessoria

Sianet

Candinho Assessoria Contabil

Hífen Comunicação


Pró-Memória Empresarial© e o Programa de Capacitação, Estratégia e Motivação Empreendedora Sala do Empresário® é uma realização do Instituto da Memória Empresarial (IMEMO) e publicado pela Hífen Comunicação em mais de 08 jornais. Conheça a história do projeto.

Diretor: Dorival Jesus Augusto

Conselho Assessor: Alberto Borges Matias (USP), Alencar Burti, Aparecida Terezinha Falcão, Carlos Sérgio Serra, Dante Matarazzo, Elvio Aliprandi, Irani Cavagnoli, Irineu Thomé, José Serafim Abrantes, Marcos Cobra, Nelson Pinheiro da Cruz, Roberto Faldini e Yvonne Capuano.

Contato: Tel. +55 11 9 9998-2155 – [email protected]

REDAÇÃO
Jornalista Responsável: Nei Carvalho Duclós - MTb. 2.177.865 • Repórter: ;
Revisão: Angelo Sarubbi Neto • Ilustrador: Novo

PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTAS ENTREVISTAS sem permissão escrita e, quando permitida, desde que citada a fonte. Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte da obra em qualquer sistema de processamento de dados. A violação dos Direitos Autorais é punível como crime. Lei nº 6.895 de 17.12.1980 (Cód. Penal) Art. 184 e parágrafos 185 e 186; Lei nº 5.998 de 14.12.1973


Hífen Comunicação
© 1996/2016 - Hífen Comunicação Ltda. - Todos os Direitos Reservados
A marca Sala do Empresário - Programa de Capacitação, Negócios e Estratégia Empresarial
e o direito autoral Pró-Memória Empresarial, são de titularidade de
Hífen Comunicação Editorial e Eventos Ltda.