Home











...



« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 107 (24/04/1994)

O Efeito Dominó da Rede Familiar

Numa família de empreendedores, tamanho pode ser decisivo para a diversificação e o crescimento. O volume da mão-de-obra interna disponível para o trabalho sugere a criação de novos espaços, até que todas as pessoas estejam bem colocadas para garantir a prosperidade e a sobrevivência. Às vezes, essa vocação revela-se no registro da firma, como é o caso da empresa Nove Irmãos - Tel.: (016) 729-5900 -, criada em 1970 em Ituverava, São Paulo.
De um pequeno empreendimento especializado em artigos de armarinho e de confecções, a Nove Irmãos foi expandindo-se, até virar um grupo que possui, também, uma construtora e uma firma de materiais de construção, além de restaurante, loja de calçados, papelaria, perfumaria e, futuramente, uma indústria têxtil. O princípio adotado é simples: a necessidade de uma firma incentiva a abertura da seguinte, que é administrada por um ou mais membros da família com novas responsabilidades.
Só que é preciso ter cuidado: nem sempre esse desdobramento significa crescimento real. No depoimento a seguir, Marcus Vinicius da Silva fala sobre a autocrítica que precisou aplicar no grupo Nove Irmãos para erradicar vícios adquiridos ao longo do tempo. Segundo filho de uma viúva que, ao perder o marido precocemente, precisou inaugurar os negócios para garantir o sustento de todos, ele assumiu cedo o encargo de ajudá-la e, mais tarde, administrar o empreendimento. Hoje tem consciência de que, para ser empresário de fato, é preciso mudar radicalmente de mentalidade.

INCHAR NÃO É CRESCER
"A maior dificuldade que temos, hoje, é transformar uma empresa familiar em empresa propriamente dita. Muitos vícios foram acumulados com o tempo. Isso costuma matar um empreendimento. Agradeço ao SEBRAE/SP por estar ajudando-nos a profissionalizar a administração da Nove Irmãos. Chega uma hora em que a gente começa a crescer desesperadamente, mas não possui uma estrutura adequada para agüentar, então, ocorre o inverso: você acaba indo para trás. Descobri, então, que tinha inchado, não crescido.
É preciso estar bem estruturado para enfrentar as transformações rápidas do mercado e da política econômica do governo. O importante no trabalho dos consultores do SEBRAE/SP é que eles não chegam falando o que você deve fazer. Eles conversam e fazem com que você enxergue qual o caminho a ser tomado.
A consultoria não muda nada, se o empresário não tiver cabeça para essa virada. A primeira coisa que precisa mudar no empresário brasileiro, principalmente o pequeno, é a mentalidade. Isso não é fácil de acontecer, especialmente aqui no interior. Com muita dificuldade, estou aprendendo a ser empresário de fato. Se a cabeça mudar, a ação também muda, e tudo pode ficar mais compatível. Somente é preciso ter mais autoconfiança."

UMA FIRMA PUXA A OUTRA

"Até 1976 a Nove Irmãos permaneceu igual, um armarinho que também vendia algumas roupas. Quando minha mãe faleceu, a própria necessidade de custear a família obrigou-me a abrir mercado. Meus irmãos - somos seis homens e três mulheres - eram todos menores, com exceção do irmão mais velho, que estudava fora, quando todo esse processo empresarial começou.
Eu não estou à frente de todos os negócios, atualmente. Dei início à expansão da firma, que deslanchou a partir de 1980, mas cada empreendimento - todos situados aqui em Ituverava - é administrado separadamente, pois existe capacidade na família para isso. Concentrei o empreendimento original no ramo de confecção e hoje toco esse negócio diretamente com a ajuda de uma irmã, já que as outras duas foram cuidar da loja de calçados.
Aqui, criamos um espaço de marketing bastante flexível. Vamos montar nele uma galeria de arte, com obras de artistas locais, e uma passarela para desfiles dos nossos lançamentos. Se for necessário, ele será usado também para vendas. Antes, tínhamos, aqui, uma seção de calçados, que agora é uma firma à parte. Aconteceu o mesmo com a perfumaria, que, a partir de uma experiência nesta loja, transformou-se numa franquia da L'Acqua de Fiori.
A loja de materiais de construção seguiu o mesmo caminho. Ela é fruto das demandas da construtora, que, por sua vez, foi criada a partir da necessidade de colocação de dois irmãos formados em engenharia. Mas existem outros critérios: adquirimos a papelaria, por exemplo, por ter sido uma oportunidade que merecia ser aproveitada. A montagem dessas firmas foi facilitada por uma decisão tomada no início, logo que minha mãe faleceu: adquiri a casa em que funcionava o armarinho, e, com muito esforço, ela foi transformada num prédio, que é a sede do grupo Nove Irmãos."

O CAMINHO É PRODUZIR MAIS
"Sou um dos fundadores da Associação Comercial da cidade e acho que devemos pensar mais uns nos outros. É importante não ficar só atirando pedra - o que é muito fácil - e ser um pouquinho vidraça. Cada cidadão tem que participar junto à sua comunidade, por menor que ela seja, pois depende de cada um tentar melhorar a situação, independentemente dos políticos ou do governo. A melhora da comunidade irá beneficiar o comércio. Precisamos inclusive pensar nos nossos concorrentes.
Se um consultor vem aqui, eu o indico para outros comerciantes, pois sei que eles têm a mesma necessidade. Se eu ajudo um concorrente a se estabilizar, isso vai ajudar o meu estabelecimento também. Não adianta um só pensar grande. Se mais de uma pessoa fizer o mesmo, deixa de ser um sonho para virar realidade.
É importante também deixar de ser o comerciante cansado, que cuida de tudo, das vendas, da cobrança, da contabilidade. O SEBRAE/SP ensinou outra coisa, que é ter assessoria, delegar poderes. O restaurante, por exemplo, que é uma atividade cansativa, hoje está mais fácil de administrar, pois tem um gerente lá que toma decisões. A idéia é cada vez produzir mais, e acredito que esse seja o melhor caminho para o País."


« Entrevista Anterior      Próxima Entrevista »
...
Realização:
IMEMO

MANTENEDORES:

CNS

CRA-SP

Orcose Contabilidade e Assessoria

Sianet

Candinho Assessoria Contabil

Hífen Comunicação


Pró-Memória Empresarial© e o Programa de Capacitação, Estratégia e Motivação Empreendedora Sala do Empresário® é uma realização do Instituto da Memória Empresarial (IMEMO) e publicado pela Hífen Comunicação em mais de 08 jornais. Conheça a história do projeto.

Diretor: Dorival Jesus Augusto

Conselho Assessor: Alberto Borges Matias (USP), Alencar Burti, Aparecida Terezinha Falcão, Carlos Sérgio Serra, Dante Matarazzo, Elvio Aliprandi, Irani Cavagnoli, Irineu Thomé, José Serafim Abrantes, Marcos Cobra, Nelson Pinheiro da Cruz, Roberto Faldini e Yvonne Capuano.

Contato: Tel. +55 11 9 9998-2155 – [email protected]

REDAÇÃO
Jornalista Responsável: Nei Carvalho Duclós - MTb. 2.177.865 • Repórter: ;
Revisão: Angelo Sarubbi Neto • Ilustrador: Novo

PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTAS ENTREVISTAS sem permissão escrita e, quando permitida, desde que citada a fonte. Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte da obra em qualquer sistema de processamento de dados. A violação dos Direitos Autorais é punível como crime. Lei nº 6.895 de 17.12.1980 (Cód. Penal) Art. 184 e parágrafos 185 e 186; Lei nº 5.998 de 14.12.1973


Hífen Comunicação
© 1996/2016 - Hífen Comunicação Ltda. - Todos os Direitos Reservados
A marca Sala do Empresário - Programa de Capacitação, Negócios e Estratégia Empresarial
e o direito autoral Pró-Memória Empresarial, são de titularidade de
Hífen Comunicação Editorial e Eventos Ltda.