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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 118 (10/07/1994)

Como Despertar Soluções Estocadas

Em pouco tempo, é possível aumentar cinco vezes o faturamento, apenas colocando em prática o que estava dormindo dentro do próprio empresário. Foi o que aconteceu com Maxim Behar, da Editora Hemus - tel.: (011) 279-9911 -, de São Paulo. Ele sentia-se desanimado com a situação do País e do mercado, chegando até a duvidar da sua capacidade como editor. As vendas tinham despencado, colocando em cheque a vocação editorial herdada de uma linhagem familiar da Bulgária que trabalha no ramo há várias gerações.
Mas foi esse referencial do passado que deu segurança para Maxim tomar algumas iniciativas a partir de uma consultoria do SEBRAE/SP. Primeiro, descobriu que a editora tinha perdido a identidade e precisava voltar às origens, isto é, retomar o pulso do mercado. Decidiu, então, concentrar mais o perfil da empresa no segmento dos livros técnicos, já que seu maior best-seller é o Manual Prático do Mecânico, que começou, há trinta anos, com duzentas páginas e, hoje, tem setecentas, vendendo mais de 1 milhão de exemplares.
Para depender menos de terceiros na distribuição, começou a contratar uma equipe de vendedores e abriu uma livraria na sede da editora, no bairro da Liberdade. Também resolveu vender alguns imóveis para poder investir em títulos novos. Esse processo de auto-reconstrução, com conseqüente definição de metas, é o núcleo de sua estratégia, detalhada no depoimento a seguir.

TEMOS QUE IR ATRÁS DO LEITOR
"Os Bálcãs são conhecidos como Hemus, quando passam pela terra natal dos Behar, a Bulgária. Esse nome foi escolhido pelo meu pai, Eli Behar, em 1965, que chegou aqui dez anos antes, vindo de Israel. Ele montou várias editoras, tinha isso no sangue. No início, lançou uma coleção sobre vultos brasileiros, que não existia no mercado editorial do País, inaugurando, também, a edição de livros de bolso no Brasil, com séries de faroeste, espionagem etc. Eu nasci e cresci nesse meio e herdei a vocação.
Já lançamos de tudo. Primeiro, era a literatura erótica, romances franceses do começo do século que eram temperados com doses picantes. Entramos no segmento técnico, porque meu pai achava que o Brasil precisava desse tipo de literatura, apostando no sucesso do Manual Prático do Mecânico. Como só os livros técnicos não sustentam uma editora, entramos, também, no realismo fantástico, na ficção científica, misticismo, ocultismo, esoterismo, alguma coisa sobre saúde naturalista, plantas medicinais e livros infanto-juvenis. Abrimos tanto o leque que nos perdemos.
Com a consultoria do SEBRAE/SP, descobrimos o óbvio: que nossa identidade é o livro técnico. Voltamos, então, a ele. Um editor espanhol perguntou-me em que região do Brasil se concentrava o maior número de editoras técnicas. Ele não sabia que aqui existem apenas quatro, enquanto na Espanha são centenas. Nossa mão-de-obra não consegue evoluir e atualizar-se, por falta desse tipo de produto. Não existe hábito de procurar livro técnico em livraria. Por isso, temos que ir atrás dos nossos leitores."

LIVRO, BRINDE DE FIM DE ANO
"Costumamos oferecer projetos aos empresários para que distribuam livros no fim de ano para os clientes, em vez dos tradicionais folhetos e brindes coloridos ou os relatórios que ninguém olha. Convencer o empresário é fácil, difícil é mudar os hábitos da equipe que cuida disso dentro da empresa. A tendência é fazer anúncio caro em revista ou enviar um produto que já vem pronto e não dá margem a palpites ou modificações.
As pequenas tiragens brasileiras - que estão decaindo para mil e até quinhentos exemplares ultimamente - não comportam investimentos muito altos em marketing ou na mídia em geral.
O mercado está muito concentrado em poucas distribuidoras e em livrarias nos shoppings, onde o preço do ponto é um absurdo. No Brasil, existe um contra-senso no setor, pois o número de editoras supera o de livrarias. Abrimos a nossa aqui, porque tínhamos o livreiro certo, que viabiliza o negócio. É preciso, também, treinar o balconista, pois já vi gente com a mão no livro procurado dizendo que aquele título está em falta."

EDITORAS EM CRISE CRESCEM
"Há trinta anos que as editoras estão em crise, mas sempre estão aparecendo empresas novas no setor. Só no Brasil pode acontecer isso. Veja nosso exemplo: numa decisão pessoal, conseguimos mudar a estrutura da empresa, e o faturamento aumentou cinco vezes. Conseguimos, com nossa reciclagem interna, melhorar a vida de todos, que começaram a ganhar mais. Descobrimos que 80% dos nossos problemas estavam aqui mesmo e resgatamos a pessoa acomodada dentro da empresa. Antes, achávamos o seguinte: o que está bom vai continuar assim e o que está ruim vai melhorar daqui a um mês. E as coisas foram piorando.
O melhor investimento é aquele feito no ser humano e, por isso, os livreiros, os representantes, os distribuidores e os gráficos têm que se considerar parceiros comerciais e transformar o livro em produto. Assim, estamos chamando nossos representantes em outros estados para que atuem juntos, pois não adianta fazer um esforço aqui e não acontecer nada no outro lado do processo. Estamos colocando vendedores na rua para pesquisar, trazer os problemas do mercado para a gente saber o que fazer. Contratamos, também, uma assessora de imprensa para fazer um trabalho contínuo nessa área.
Temos uns dez títulos de sucesso, acima de 3 mil exemplares. O Plano Cruzado provou que existe um mercado latente para o livro no Brasil. Naquela época, em 1986, vendemos tanto que era impossível fazer estoques, enquanto, agora, tenho um fundo editorial avaliado em US$ 1,5 milhão. Hoje, é mais fácil fazer livros, mas é mais difícil vender. Nos Estados Unidos, existe toda uma estrutura favorável à edição e comercialização. Quem tem vocação para ser editor entra numa universidade e prepara-se profissionalmente. Aqui, o dono da editora tem que acumular essa função."


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