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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 127 (11/09/1994)

Congelados Garantem Mesa Familiar

Prato congelado é para quem tem o tempo contado e não pode, como antigamente, dispor de alguém para cozinhar. Essa tendência mundial enfrenta uma série de problemas no Brasil, como falta de regulamentação normativa, que ajudou a queimar o mercado, pois permitiu a proliferação do amadorismo e do oportunismo; conseqüente falta de credibilidade e de qualidade; perda do poder aquisitivo da população, provocada pela crise econômica; e mudanças de hábitos alimentares, que fizeram do brasileiro um consumidor de sanduíches e de outras alternativas inadequadas.
Mas comida congelada é tão irreversível quanto o computador, e as próprias dificuldades acabam selecionando as firmas que optaram por esse nicho, como a Casa de Tereza Produtos Alimentícios Supergelados - tel.: (011) 278-7724 -, que, há dez anos, funciona no bairro da Aclimação, em São Paulo.
O engenheiro de projetos industriais Rinaldo Zaina, ao sair da firma em que trabalhava, em 1982, convocou toda a família para tocar a empresa, baseada na experiência da sua esposa, Tereza, para os mistérios da culinária. A empreitada deu certo, e hoje ele pode falar com segurança da importância do negócio familiar para enfrentar a recessão. E também conceituar a partir do acervo acumulado por esse trabalho, ao longo dos anos.

REENGENHARIA É READMITIR A ENGENHARIA
"O lucro é necessário. Não para ser entesourado, pois o dinheiro não tem essa função. O dinheiro é como rio de planície, que precisa fertilizar a terra, produzir, gerar riqueza. Quem só acumula é apenas especulador, que ganha dinheiro para benefício próprio. O empresário é diferente, ele usa o lucro para ampliar o negócio, fiel aos compromissos que assume com clientes, fornecedores e funcionários.
A atividade do engenheiro assemelha-se muito à do empresário, pois ele também é um realizador, embalado pela sua experiência e sensibilidade. É preciso enxergar na frente, ver oportunidades onde ninguém vê, compatibilizar recursos materiais e humanos e ter capacidade de comando. Infelizmente, houve uma ruptura na profissão de engenheiro. Muitos profissionais abandonaram o mercado e não voltaram mais, estão em outras atividades.
Em geral, as empresas de engenharia descuidaram do aspecto técnico e ficaram tirando lucro da especulação financeira, deixando de lado a produção. Hoje, a atividade de prestação de serviços de engenharia é de muito risco, pois a demanda é irregular, não garante um faturamento permanente. Falta uma coordenação ampla do trabalho nesse ramo e há confusão quanto à natureza de atividades específicas. Um engenheiro de projetos, por exemplo, é diferente de outro que cuida da manutenção. No fundo, o que chamamos hoje de reengenharia é apenas a readmissão da engenharia, que tinha sido abandonada."

A ESCOLA ESTÁ DENTRO DE CASA
"Minha esposa tinha vontade de iniciar uma atividade, e nós começamos no ramo de chás e congelados. Tínhamos, inclusive, o kit completo para o cerimonial do chá, com vários itens. Mas o chá exige tempo de atendimento e mão-de-obra especializada difícil de encontrar. Por isso, deixamos o chá de lado e dedicamo-nos só aos congelados. Hoje, produzimos e comercializamos duzentos produtos, da entrada da refeição à sobremesa, para clientes de toda a São Paulo e também de outros estados.
A firma familiar foi uma escola para a família toda, especialmente nossos dois filhos, que, na época da inauguração, estavam na faixa dos 12 e 13 anos. Hoje, o mais velho é formado em administração e continua trabalhando conosco. O mesmo ocorre com o outro, que tem um grande tino comercial e cuida das vendas. A minha participação é pequena, pois continuo trabalhando como consultor na área de engenharia. O negócio só se viabilizou graças ao trabalho dos filhos, que, desde cedo, se engajaram no projeto e ficaram muito mais preparados para a vida com essa experiência.
Antigamente, os pais cuidavam da formação escolar, da graduação na faculdade e sentiam-se, então, realizados, pois os filhos iam para o mercado de trabalho. Hoje, isso não é mais suficiente, pois não existe emprego. Então, um negócio familiar é a melhor herança, é o que realmente fica. O importante numa firma familiar é a flexibilidade. O grande desafio é comportamental, administrar essa faixa que separa a vida pessoal e a profissional. Quando isso é bem equacionado, a empresa consegue ser bem sucedida."

PORÇÃO É CONCEITO SUBJETIVO E ILEGAL

"Existe ainda muito congelado vendido com um padrão de medida incorreto e até ilegal, que é a porção. O certo é o peso líquido. Outro dado que causa desconforto ao consumidor é que, no Brasil, o produto congelado não costuma ficar exposto. Na Europa, o consumidor precisa ver o produto para levar. O problema é que, aqui, muita gente faz congelado de qualquer maneira e, hoje, deixa-se de consumir o produto, porque ficou essa imagem de falta de qualidade.
Desde o início, procuramos facilitar a vida do consumidor. Além do cuidado com a qualidade, expomos todos os nossos pratos e desenvolvemos, graças ao apoio do SEBRAE/SP e da USP, técnicas para tornar o descongelamento mais prático, evitando que, por algum descuido, o alimento estrague. Por exemplo: criamos, junto com o fabricante, um saco plástico que envolve o congelado e pode ser colocado em água fervente, em que a temperatura é constante. Num forno tradicional, a temperatura tende a aumentar até 300 graus, e alguns minutos mais costuma comprometer o sabor e a textura do alimento.
Nossos produtos podem ser colocados tanto no microondas quanto no forno elétrico ou mesmo no convencional. Na solução que desenvolvemos, a embalagem é a vácuo e nada se perde, nem mesmo o aroma. Felizmente, temos um padrão de qualidade de nível internacional e pretendemos montar uma unidade de produção numa escala maior. Esse projeto também contou com o apoio do SEBRAE/SP."


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