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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 137 (20/11/1994)

Outros Setores Inspiram Boas Idéias

Qual a relação entre camiseta e pizza? Fora a evidência de que é possível jantar vestindo-se informalmente, existem poucos fatores de comparação, como, por exemplo, o fato de que é preciso satisfazer o cliente com um produto bem feito. Mas não é só isso. Um setor de atividade pode influenciar outro com soluções adaptadas, desde que o empresário tenha os olhos livres o suficiente para tentar o que, às vezes, pode parecer uma excentricidade.
Quando o empresário é jovem, como o universitário e futuro advogado Socrates Spyros Patseas, de 20 anos, essa transposição de enfoque é quase natural. Foi num "brain storm" com colegas e familiares que ele criou sua Camizzeteria, nome inspirado nas pizzarias, onde se desenvolve uma atividade popular, democrática e de grande sucesso, ligado ao lazer e à alimentação barata e de qualidade.
Mas, se a idéia surgiu naturalmente, viabilizá-la exigiu esforço e apoio da família, de origem grega. Seu pai arquiteto também é lojista do ramo de confecções e, junto com outros membros da clã e da comunidade grega, ajudou-o a transformar num sucesso de vendas um pequeno empreendimento herdado do avô. Instalado no Bom Retiro, num ponto um pouco à margem do fluxo comercial do bairro, ele produz camisetas confeccionadas nos fundos da loja e comercializa outras peças feitas por terceiros.
Sua pequena Patseas Ind. e Com. de Malhas - tel.: (011) 220-8444 - atraiu outros empreendimentos semelhantes, expandindo, assim, a circulação de clientes da região e criando novas alternativas de consumo. É sobre essas mudanças que Socrates fala no depoimento a seguir.

ROMPENDO CICLOS DE PRODUÇÃO
"Esse era um ponto pequeno, onde meu avô estampava através de uma velha estufa e vendia, principalmente, para o pessoal aqui do bairro. Ele tinha uma ajudante, ocupava uma sala pequena e alugava a garagem para um vizinho da rua. Mas ele faleceu, em 1990, e eu tive que dividir meu tempo na Faculdade de Direito do Mackenzie com o trabalho de industrial e lojista.
Mesmo reconhecendo que esta parte do bairro é mais pacata, resolvi tentar uma mudança. Mas eu só vendia camisetas que eram feitas internamente, de maneira muito limitada. Pedi, então, auxílio tecnológico na Universidade de São Paulo, e essa consultoria mudou tudo. Aqui dentro, eram feitas peças para outros lojistas, num esquema que foi considerado desgastante, pois rendia pouco. Fui orientado para quebrar esse ciclo de produção, colocar as pessoas que já estavam trabalhando aqui para produzir só para a minha loja e dividir os lucros.
Ao mesmo tempo, terceirizei os processos de estamparia e bordado e começamos, também, a vender biquínis e bermudas, vindos de outras confecções. Caprichamos nas camisetas, que são, hoje, uma grife de qualidade a preços acessíveis para todos os públicos. Investimos em publicidade, fechamos acordos com outros empreendimentos - como uma danceteria que faz marketing com nossas camisetas - e, com os lucros da loja, iniciamos um trabalho de ampliação do espaço industrial."

GOSTARIA DE GERAR MAIS EMPREGOS
"Hoje, temos cinco funcionários, mas os encargos sociais não me permitem ampliar o quadro. Gostaria que houvesse melhores condições para o empregador, pois, assim, poderíamos repassar melhor o dinheiro para os trabalhadores que constroem conosco o sucesso da empresa. Nossa intenção é ampliar a produção, que, por enquanto, está por volta de 2 mil camisetas por mês.
O plano de estabilização da economia permitiu um planejamento mais elaborado da produção. Podemos comprar matéria-prima com até dois meses de antecedência e, se estivesse mais capitalizado, poderia ter margem de manobra ainda maior. Já estamos começando a diversificar, fazendo bermudas, por exemplo. Graças à orientação do SEBRAE/SP, melhoramos o atendimento, que, hoje, é totalmente personalizado, levando em consideração todo o tipo de cliente, sem fazer nenhuma restrição. Começamos, também, a abrir domingo, quando veiculamos alguma promoção na mídia.
Isso ajudou a formar uma clientela fiel e atraiu muita gente que vem aqui para verificar a qualidade, a criatividade e o preço de nossas confecções. Desenvolvemos internamente um clima gostoso de relacionamento que nunca é repetitivo ou monótono. Procuramos atender, e não induzir o cliente a comprar o que ele não quer ou não precisa. E também ouvimos suas sugestões para aplicar nas camisetas, pois cliente bem tratado fica satisfeito e sempre volta.
Ao mesmo tempo, desenvolvemos embalagens próprias para presente. Muita gente não sabe, mas, hoje, o Bom Retiro está criando e lançando moda, como acontece nos Jardins. Nosso apelo é: camisetas de grife pela metade do preço."

CHEGA DE PESSIMISMO
"É preciso melhorar a produção, diversificar, unir os empresários e ir à luta, deixando o pessimismo de lado. O SEBRAE/SP fez-me ver novas oportunidades. Anunciar, por exemplo, que antes nem estava nos meus planos, é um investimento barato e provoca uma repercussão enorme. Como também vendo no atacado, hoje tenho clientes de fora do estado.
Recebo bastante apoio da comunidade grega, que tem o comércio no sangue e conseguiu prosperar aqui, no Brasil. Meu avô lutou na Segunda Grande Guerra, tinha uma grande sapataria na Grécia, mas precisou vir para cá para escapar das dificuldades. No Bom Retiro, tem muito armênio, grego, judeu, todos trabalhando bastante para a prosperidade da região.
Acho que é possível fazer o País crescer, desde que nos determinemos a isso. Tenho procurado informar-me muito sobre negócios, lendo livros de marketing e procurando ajuda nas pessoas da minha geração. Acho que os jovens, se forem incentivados, podem surpreender nos negócios. Tenho colegas, inclusive de outras áreas, que estão dando força para as minhas iniciativas e colaborando diretamente no desenvolvimento de novas idéias."


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