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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 136 (13/11/1994)

Auditoria é o Gerenciamento do Futuro

Uma empresa de auditoria desempenha dois importantes papéis: pode tanto fiscalizar a contabilidade quanto orientar o gerenciamento de uma organização. No seu livro "Sociedade Pós-Capitalista" (Pioneira, 1994, 186 páginas), Peter Drucker prevê que essas funções irão evoluir nos próximos vinte anos até se chegar à auditoria empresarial, que dará autonomia, mas cobrará resultados da gerência. Os modelos para essa tarefa já existem, segundo Drucker: são as empresas de auditoria que inspecionam e verificam rotineiramente o desempenho financeiro das empresas.
Essa tendência baseia-se na crescente profissionalização empresarial - que substitui totalmente a administração familiar - e na natureza da organização moderna, hoje, mais um investimento do que um patrimônio. A empresa Auditus - Auditores Independentes S/C., de Santos, é um exemplo desse embrião administrativo do futuro. Baseada no carisma profissional e na experiência de Dario Rocha Rodrigues, presidente da Associação das Empresas de Serviços Contábeis de Santos, ela insere-se no amplo espectro das atribuições do setor, abrangendo, além da área contábil, a fiscal, a previdenciária e a trabalhista, entre outras.
Adepto da atualização permanente, Dario, que é formado em Contabilidade, Economia e Direito, fala, a seguir, sobre o seu trabalho e as perspectivas que ele abre para o gerenciamento numa economia altamente competitiva.

UMA ESTRATÉGIA PARA A SOBREVIVÊNCIA
"Se o empresário desejar, ele pode pedir uma contabilidade gerencial, em que terá elementos para dirigir melhor a sua empresa. Um industrial que tiver formado um bom preço de custo a partir da matéria-prima e de outros insumos e dos encargos correspondentes - além dos custos indiretos - pode organizar-se para prever o seu preço de venda. E, oferecendo qualidade a preço baixo - o que se consegue com o aumento da produtividade -, ele pode competir no mercado.
Um dos desvios mais comuns que nossa auditoria costuma detectar é esse erro de cálculo, em que o preço da mercadoria não é compatível com o custo da produção. Vender barato para concorrer, sem ter noção verdadeira dos custos, obriga o administrador a pegar dinheiro no mercado financeiro. E, aí, ele não se levanta mais. Se a auditoria for contratada só para fiscalizar, ela fiscaliza. Se for para apontar caminhos, fazemos uma análise mais profunda, apresentando sugestões. Esse trabalho envolve muita responsabilidade. Não assinamos um certificado de auditoria sem dizer o que realmente foi detectado. É preciso apontar acertos e erros e fazer os comentários pertinentes.
Nos países mais desenvolvidos, as empresas de auditoria contratam seguros para enfrentar problemas que possam surgir, pois podem até ser processadas pelos clientes. Baseados numa informação do auditor, por exemplo, os acionistas decidem investir mais, confiando na distribuição de dividendos, mas a firma acaba falindo. Então, a informação do auditor não foi correta, e isso dá processo. Mas, quando ela é correta, pode também servir de prova em processo criminal contra a diretoria anterior da empresa. A auditoria externa, que é o nosso caso, fiscaliza o trabalho dos colegas contabilistas. É por isso que ela é independente, pois se reporta unicamente à diretoria da empresa."

O PERIGO DO LUCRO PRESUMIDO
"O pequeno empresário costuma trabalhar muito baseado no entusiasmo e na experiência própria, sem pensar numa contabilidade gerencial, e isso acaba prejudicando os negócios. É uma postura errada. Na maioria das vezes, em poucos meses, ele perde seu investimento, que normalmente é o seu fundo de garantia. Pesquisa realizada a pedido do SEBRAE/SP, envolvendo importante cidade deste estado, sobre Organização Contábil das Pequenas Empresas, revelou-nos a ignorância que grassa sobre a contabilidade e o seu valor como instrumento insubstituível para fins e funções gerenciais, além do seu marcante aspecto legal.
Esse desconhecimento é provocado pelo lucro presumido, criado pelo Imposto de Renda na Lei nº 8.541/92 que, simultaneamente, apura o Imposto de Renda a pagar e dispensa, para esse fim, a escrituração contábil. Essa opção ofende as leis comerciais, as leis tributárias e as normas brasileiras de contabilidade. O Código Comercial, por exemplo, não isenta ninguém de fazer contabilidade. Também a Lei das Sociedades Anônimas, que se aplica subsidiariamente aos outros tipos de sociedade, também é clara em relação a esse assunto.
O mesmo acontece com a Lei das Falências, que obriga as empresas de qualquer tamanho a fazer a contabilidade. Reza um artigo que, se ela não for feita, a concordata pode ser transformada em falência."

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO-CAIXA
"O primeiro passo de todo empresário é ir aos órgãos de classe, sindicatos e associações e coletar informações sobre o profissional de contabilidade mais adequado. Existem especialistas para qualquer espécie de estabelecimento, desde padaria e butique até supermercado. No Conselho Regional de Contabilidade é possível verificar se existe algum processo contra o profissional contratado.
É fundamental também fazer um livro-caixa da empresa. Nem é preciso fazer grandes históricos. Ali o empresário escritura todo o dinheiro que recebe e que paga, assim como os depósitos bancários e as aplicações financeiras. A seguir, entrega para seu contabilista, junto com a respectiva documentação, a primeira via do boletim de caixa e os demais documentos extracaixa, para que seja feita a escrituração contábil. Muita gente não tem esse cuidado, pois costuma pegar todos os papéis destinados à contabilidade e guardá-los em uma gaveta para enviar, mais tarde, ao contabilista.
É preciso ter em mente que os orçamentos são baseados no passado da empresa. Com um orçamento organizado, é possível estruturar o futuro. O empresário deve ficar atento, pois está havendo complicação tributária e diminuição dos prazos de recolhimento. O contabilista precisa estar sempre atualizado. Ele é o primeiro intérprete da lei."


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