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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 139 (04/12/1994)

Encare o Adversário como um Cliente

Concorrente não pode ser visto como um inimigo para toda a vida. Quem segura um confronto direto por tempo prolongado num mercado mutante e problemático? Não só as pequenas e médias empresas precisam encontrar novas soluções para continuar vivas mas também as grandes, que, diante dos ciclos recessivos, já se acostumaram a agir como se fossem de menor porte. As dificuldades, os desafios, as transformações colocaram todos na mesma arena. Sobrevive quem se adapta mais rapidamente, e não quem procura exibir força.
Essa foi a lição que salvou a Decorplaste Ind. e Com. Ltda.— tel.: (011) 296-9677 -, de São Paulo, especializada em decoração de produtos de plásticos (injetados e soprados). Os sócios Wanderlei J. Lopes e Sérgio Gregório viram, em 1990, no furacão Collor, que teriam poucas chances de sobrevivência se não mudassem o enfoque da indústria que fundaram, em 1985. Sua especialidade é o hot-stamping, aplicando a combinação do princípio tempo, pressão e calor. Também o transfer, espécie de decalcomania com tecnologia de ponta, aplicado sobre o mesmo princípio.
Mas a crise, a verticalização do setor implantada pelos transformadores de plástico e a concorrência mudaram tudo. A saída foi vender insumos de hot-stamping. Hoje, a Decorplaste aluga seus equipamentos para os antigos concorrentes e vende para eles bobinas de hot-stamping, clichês, placas e rolos de silicone. Mas não abriu mão de antigas especialidades e oferece uma diversificação ainda maior. Os detalhes dessa estratégia são enfocados por Wanderlei no depoimento a seguir.

UMA LIÇÃO DEIXADA PELO FARAÓ
"Até a Segunda Guerra, quando surgiram as primeiras resinas termo-plásticas, o princípio do hot-stamping - guardadas as devidas proporções - era o mesmo usado desde a época dos faraós egípcios. Um suporte, ou matriz, com uma camada de ouro em pó colado no verso, era depositado sobre um papiro. Com um instrumento, fazia-se a punção para impregnar no papiro a impressão pretendida. A partir dos anos 40, surgiram novas tecnologias, as quais permitiram que as fitas de hot-stamping - que utilizavam ouro como matéria-prima - fossem substituídas por materiais sintéticos derivados do petróleo, aliados ao uso do processo a vácuo por alumínio.
As modernas fitas são sanduíches de materiais que incorporam as mesmas resinas que servem para fabricar as peças de plástico. Peguei o vírus dessa tecnologia quando trabalhava na Manufatura de Brinquedos Estrela e vi nela a possibilidade de realizar um sonho da infância: ser industrial.
A Decorplaste produz, hoje, placas de silicone para gravação de peças com superfície de alto-relevo; clichês para desenhar extensões, marcas, logotipos ou contornos de alta precisão; rolos de silicone, ideais para grandes superfícies e aplicação de fitas transfers com desenhos contínuos. Fabricamos, também, fitas transfers para decoração de peças plásticas e distribuímos fitas de hot-stamping utilizadas na marcação de validade nas embalagens alimentícias, entre outras aplicações. E temos um produto sensacional, que é a fita transfer, denominada comercialmente como "Transplaste", que possibilita decorar qualquer formato de peça plástica em até seis cores em uma única operação.
Esse material que fabricamos aqui, no Brasil, bate em preço e qualidade em comparação com os coreanos, que eram considerados os mais baratos do mundo. Mas não ficamos só nisso. Dominamos a tecnologia de sublimação para teclados de informática e de telefonia, que resistem a 15 milhões de toques a 60 gramas/força. Esse tipo de decoração não sai com o uso, só se você raspar o topo das letras. E oferecemos máquinas de hot-stamping com vários acessórios, todos com assistência técnica permanente."

FATURANDO MAIS COM MENOS
"Atuamos em todos os segmentos que usam plástico, como biofarmacêutico, brinquedos, higiene oral, cosméticos, eletroeletrônico, informática, gráfica, couro, linha branca, indústria montadora, auto-peças, bijuterias, brindes etc. Estamos, agora, montando um esquema de representantes para podermos expandir negócios em todo o Brasil e incrementar nossos planos de exportação.
Nossa decisão de mudar o perfil da atuação foi tomada a partir do Plano Collor. Começamos a estudar onde éramos fortes, onde poderíamos diferenciar-nos e onde buscar apoio. Graças ao SEBRAE/SP, conseguimos informatizar a empresa e tivemos acesso a um financiamento do Banco do Brasil. Agora, estamos entrando num processo de busca de qualidade total. Numa parceria com uma empresa americana, estamos pensando também em abrir mais uma fábrica de hot-stamping no Brasil, que, por enquanto, possui apenas três, e um preposto de origem européia.
Tornamo-nos uma empresa enxuta e ágil. Tínhamos 48 funcionários e, hoje, faturamos mais com apenas doze funcionários"

AUTOCRÍTICA MOSTRA O CAMINHO
"Aprendemos muito com nossos erros, que foram: primeiro um plano mal conduzido de participação nos lucros, em que todo mundo queria ser chefe e ninguém queria ser o executor; e, segundo, faltava-nos planejamento financeiro, o que criava um mistério, pois circulava muito dinheiro e praticamente não tínhamos lucro. Terceirizamos a contabilidade, o que eliminou uma grande carga de trabalho interno. Hoje, temos um responsável pela contabilidade que dedica apenas 20% do seu tempo a isso; o resto é feito por uma empresa especializada.
Definimos, assim, nossas prioridades de vida: a empresa está em primeiro lugar; o conhecimento, em segundo; a saúde e o bem-estar, em terceiro; e a família vem em quarto lugar. Pois, se a empresa está bem, todos os outros três itens estão bem. Para isso, é preciso ficar atento ao mercado. Devido à recessão, à concorrência, ao poder de compra do consumidor, à grande empresa comportando-se como pequena, é necessário um planejamento flexível, ajustando-se permanentemente às necessidades de nossos clientes, sempre com projetos e produtos que permitem simplificar a decoração no plástico."


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