Identidade Abre as Portas do Mercado
A cultura do imobilismo
é tão arraigada entre os brasileiros que deixou de ser apenas
o fruto tardio da longa experiência colonial. Com o tempo, ela transformou-se,
também, numa forma de escape ao próprio dinamismo do País:
as mudanças brutais dos últimos anos fizeram com que muita gente
se refugiasse nos velhos enfoques, por uma questão de segurança
pessoal e, também, por falta de entendimento claro da situação.
Mas, felizmente, existe o mercado para implodir esse círculo vicioso.
Enxergar as atividades profissionais sempre da mesma forma é uma fonte
permanente de fracassos. O antídoto perfeito é não temer
a diversidade dos negócios e, nela, encontrar uma identidade própria.
A solução para esse dilema dá trabalho. Foi o que constatou
o engenheiro civil Paulo Roberto Alvarez Spindola, quando fundou, junto
com seus sócios, em junho de 1991, a Ergoplan Assessoria de Projetos
e Construções e Representação Comercial Ltda. -
tel.: (011) 458-5912.
Seu primeiro impulso foi seguir os hábitos tradicionais da engenharia
e da arquitetura. Mas isso revelou apenas imaturidade empresarial, falta de
estratégia e insensibilidade diante dos novos nichos abertos nos últimos
anos. No depoimento a seguir, Paulo Roberto conta como a empresa deixou isso
de lado e especializou-se no design de interiores e nas obras de acabamento
das lojas comerciais, uma atividade dinâmica, de giro rápido e
que abriu as portas para um vasto campo de oportunidades.
TIRO PARA TODO LADO
"A empresa nasceu de um sonho meu e de um outro arquiteto, Ricardo Zanoli,
que trabalhava junto comigo na prefeitura de São Bernardo do Campo. A
idéia era montar um escritório para atender os clientes de maneira
diferenciada. Mas, até 1992, a gente dividia-se entre o emprego e os
nossos projetos. Resolvemos, então, estruturar-nos melhor e aprofundar
a linha de projetos e construções. A crise brava do primeiro semestre
de 1994 obrigou-nos a repensar tudo, pois, até então, a gente
estava dando tiro para todo lado e apagando incêndios.
Éramos, então, dois arquitetos e três engenheiros, cada
um de uma área. Era nossa primeira experiência empresarial, e tudo
o que aparecia executávamos. Conseguimos mudar de rumo depois de fazer
um diagnóstico dessa experiência e também graças
ao curso Empretec, do SEBRAE/SP, no qual tivemos acesso aos instrumentos para
definir nossa missão.
Começamos a fazer as seguintes perguntas: o que a Ergoplan faz? Ela atende
a quem? Nessa busca de identidade, também fizemos o projeto de duas lojas
e de outra nós cuidamos de toda a montagem. Isso nos ajudou a encontrar
nossa vocação.
Descobrimos, então, que tínhamos estrutura e conhecimento para
fazer design de interiores, projetos de arquitetura, usando os recursos da computação
gráfica. E, especializamo-nos na montagem de lojas comerciais."
SEGREDOS DO ACABAMENTO
"Na parte de arquitetura, trabalhamos com um programa, o Autocad, e, em
cima dele, utilizamos um otimizador, que é o Auto Arquitet, programa
que você projeta já em três dimensões. E estamos caminhando
para aplicar outro programa de computação gráfica e animação,
que é o 3D Studio, com imagens que parecem fotos, com textura, profundidade,
luz e sombra, o que ajuda na escolha de materiais.
Quanto aos outros projetos complementares - elétrico, hidráulico,
cálculo estrutural, estrutura metálica -, estamos num processo
de identificação dos parceiros que tenham capacidade de nos atender.
E, na parte de obras, das pequenas lojas comerciais em geral, damos ênfase
no emprego de materiais de qualidade. Tem que ser tudo muito bonito, charmoso
e feito geralmente entre dez e vinte dias.
A mão-de-obra, realmente, é muito cara, e a gente precisa ter
um rígido controle de tudo, especialmente da qualidade. É preciso
fazer um cronograma físico muito bem elaborado, pois temos alguém
fazendo o piso, outro o gesso, outro o mezzanino, tudo ao mesmo tempo. Hoje
a gente sabe o que vender, quanto tem que vender, quanto tempo demoramos para
montar uma loja, qual nossa capacidade, nossa estrutura. Depois do Empretec,
começamos a pensar em planejamento e metas."
COMO ESTOCAR O FILÃO
"A partir do momento em que a gente estabeleceu uma diretriz, o que a gente
queria e o que a gente era, começou a aparecer serviço que não
acaba mais. A potencialidade desse mercado é muito grande, e eu ainda
não saí para vender, funciona muito no boca-a-boca. Nós
conseguimos esses resultados estudando, principalmente, o mercado da região
aqui, do Grande ABC. Tem shopping sendo reformado, ampliado ou construído
em todo lugar.
Estamos, também, estudando outras regiões. Com minha experiência
no Empretec e a conseqüente participação na Associação
de Aval e Fomento (Associaval), também uma iniciativa do SEBRAE/SP, começamos
a participar de rodas de negócio. Fazemos esse trabalho, procurando adequar
os projetos com as necessidades dos clientes e experimentando um gratificante
impacto interno, em que nos tornamos mais exigentes profissionalmente uns com
os outros. Inclusive, a sociedade precisou reestruturar-se, em razão
dessas mudanças. Hoje, os outros sócios são: Ricardo Zanoli,
arquiteto, e Sérgio Carreon, engenheiro."
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