Comida é Qualidade, Tecnologia e Arte
A engenharia de alimentos tem um campo ilimitado para desenvolver-se no Brasil. Apesar de existirem várias ilhas de excelência, com a presença marcante de empresas brasileiras na pauta de exportações, o setor de alimentos é predominantemente carente, devido, principalmente, à falta de informações. Felizmente, a revolução da qualidade está chegando também a esse setor e colocando no mercado profissionais especializados para instrumentar as empresas. Alimento é um produto diferenciado, já que pode colocar em risco a saúde do consumidor e, por isso, merece atenção redobrada, como alerta Ellen Almeida Lopes, com formação de Auditor
Líder para a ISO-9000, reconhecida pela Registration Board for Assessors
(RBA), da Inglaterra. Desde abril de 1993, Ellen oferece uma sólida variedade
de serviços técnicos através da Food Design www.fooddesign.com.br nas áreas de desenvolvimento de produtos e implementação de sistemas de qualidade, incluindo auditoria de fornecedores. No depoimento a seguir, ela conta como consegue crescer, atingindo maior número de clientes, através da diferenciação, especialização e identidade própria, fundada em métodos e técnicas de última geração.
NÃO BASTA SOMENTE TER CONHECIMENTOS
TÉCNICOS
"Fiz Bioquímica na USP, com especialização e pós-graduação em Alimentos. Comecei a trabalhar na Nestlé, no controle de qualidade. Mais tarde, fui convidada para a área de desenvolvimento de produtos, aprendendo várias tecnologias, desde produtos para merenda escolar até Maggi e Findus. Fiquei dez anos na Nestlé, tendo adquirido a paixão pela qualidade e aprendido a associar a arte culinária com a tecnologia. Recebi, então, um convite da Kibon, onde trabalhei quatro anos como gerente da área de pesquisas técnicas. Sempre desejei ter um negócio próprio e percebi que havia uma oportunidade no mercado para prestar serviços técnicos especializados na área de Engenharia de Alimentos. Após amadurecer essa idéia durante algum tempo, resolvi iniciar a Food Design. Comecei com o desenvolvimento da linha de sorvetes Genève para a Sérgio Indústrias e logo o trabalho se avolumou. Precisei, então, contratar mais profissionais e descobri que não basta ter somente sólidos conhecimentos técnicos. É necessário passar credibilidade, através de uma bem montada empresa, oferecendo a consultoria para os projetos, bem como assessoria e suporte para sua execução.
PLANEJAMENTO A LONGO PRAZO
"Como me faltava estruturar melhor o negócio, fui buscar ajuda no SEBRAE/SP, onde acabei sendo selecionada para o Empretec, projeto concebido pela ONU, que me propiciou uma nova postura empresarial. Com isso, multipliquei minha capacidade empreendedora, buscando novas oportunidades, ampliando a minha rede de contatos, traçando metas e realizando um planejamento sistemático, não só o anual como também o de longo prazo. Ampliei o quadro de profissionais, e logo tudo isso se refletiu no aumento da nossa carteira de clientes. Passamos a atuar também em outros Estados, como Minas Gerais e até Mato Grosso, onde a Food Design está realizando amplo trabalho na área de qualidade para a ILSA, fábrica de macarrões e biscoitos do grupo Zahran, dono da Copagaz. Além disso, fizemos parceria com uma empresa de marketing para que o cliente possa encontrar na nossa empresa um atendimento global para seus projetos. A partir da constatação de que a área de qualidade tem muito que se desenvolver no setor de alimentos, fizemos um plano de investimento, incluindo especialização para certificação nas normas ISO-9000. Fiz treinamentos na Fundação Vanzolini, da USP, e numa reconhecida empresa certificadora inglesa, a Quality Management International."
A VEZ DA HIGIENE
"Outra área interessante em que decidimos investir é em treinamento. Em 1993, foi publicada a Portaria 1.428, pelo Ministério da Saúde, que passou a exigir das indústrias de alimentos a adoção de duas técnicas, que são as Boas Práticas de Fabricação e a Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle. Estamos oferecendo serviços para que as grandes e pequenas empresas do setor cumpram essa portaria. Existe uma demanda muito grande nas empresas para treinamento, envolvendo essas técnicas exigidas pela portaria e normas de higiene para operadores. É gratificante ver que as técnicas ensinadas são aplicadas não apenas nas empresas mas também nas casas dos funcionários treinados, pois mexemos muito com o comportamento das pessoas. E, como mudar comportamentos é uma coisa que sempre encontra resistência, desenvolvemos a parte técnica junto com a comportamental. Os cuidados no setor de alimentos devem ser muito grandes, não só para a indústria mas, especialmente, para os serviços de refeição coletiva. A Portaria 1.428 representa uma evolução na fiscalização sanitária de alimentos, pois estão sendo incorporados novos conceitos de qualidade, não só de controle mas também de garantia, através da adoção de sistemas preventivos. Qualidade não é privilégio das grandes empresas. Os processos estão sendo simplificados, podendo ser adaptados às pequenas empresas."
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