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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 288 (12/10/1997)

Mercado Brasileiro, Objeto de Desejo

O investidor estrangeiro sempre viu o Brasil como um país do futuro, porque tinha uma população subatendida, em termos de consumo - um vasto mercado que um dia iria desabrochar. Hoje, além desse potencial, que sempre existiu e estava dormente, mas que, considerado de modo isolado, era insuficiente, o nosso País concentra mais dois fatores, segurança jurídico-política e relativa estabilidade econômica, que, em conjunto, não são encontrados em outros países emergentes, como indicam alguns exemplos. A Argentina não supera o Brasil, mesmo vivendo uma democracia com economia estável, pois não oferece mercado capaz de alavancar crescimento semelhante ao nosso. Enquanto à China, não obstante o fantástico mercado, falta o fator 'garantias institucionais', os países da Europa Oriental, além de precária estabilidade política, são mercados historicamente de consumo retraído e ainda enfrentam sérias dificuldades econômicas. Já o Chile, economia estável e em franco desenvolvimento, amarga a desvantagem do mercado incipiente. A análise, no depoimento exclusivo a seguir, é de José Luiz Saicali, sócio-diretor da KPMG Peat Marwick - Tel.: (11) 3067-3323 -, empresa internacional de auditoria, com escritórios em quase mil cidades, em 145 países.

SEGURANÇA JURÍDICO-POLÍTICA
"No Brasil, a restauração da democracia demorou algum tempo até se consolidar, ser absorvida e ganhar credibilidade no exterior. A deposição legal do presidente da República comprovou a firmeza das instituições democráticas reinstaladas. Pode-se investir e, diante de qualquer problema, recorrer aos tribunais e se defender; é possível até processar o chefe do governo - os fatos comprovaram isso! É um ambiente que o investidor estrangeiro conhece, de seu país, e sente-se à vontade e seguro. Porém, ainda havia um obstáculo - quem pode planejar racionalmente com uma loucura inflacionária daquelas?! Com a estabilidade econômica advinda com o Real, completou-se esse tripé de vantagens. Assim mesmo, num primeiro momento, no segundo semestre de 1994, houve até um decréscimo de investimentos, com a suposta perspectiva de que 'era mais um plano'; contudo, o tempo passou e hoje verifica-se que, tanto quanto a consolidação democrática do Estado de Direito, a manutenção da estabilidade e da inflação em níveis aceitáveis tornou muito atraente o Brasil."

NECESSIDADES DA EMPRESA NACIONAL
"Do lado do empresário brasileiro, muitos sem condições de racionalizar custos, de melhorar a metodologia de produção e de conseguir o upgrade tecnológico para, assim, equiparar-se ao produtor estrangeiro, em face da necessidade estratégica ou até para salvar o negócio, sobra a alternativa - algumas vezes, imposição - de associar-se ou vender a empresa ao investidor estrangeiro. São empresas familiares que se vinham desenvolvendo num ambiente de economia fechada e de hiperinflação, com capital de giro provido pela família mais o que poderia ser captado no sistema financeiro, a curto prazo e a um alto custo. De repente, em meados de 1991, começa a abertura da economia, e ele vê-se confrontando com produtos importados que, muitas vezes, chegam com qualidade superior e mais baratos. O competidor geralmente vem de país com mercado de capitais altamente desenvolvido, onde o dinheiro para alavancar a empresa é captado junto ao público, com prazo a perder de vista, a um custo irrisório, representado pela distribuição de dividendos quando houver lucro e no momento em que a administração assim o decidir. Seu interesse é associar-se - até comprar - com o empresário local, que possa mesmo continuar com ele, transferindo experiências."

A JUSTA RECOMPENSA AOS PREVIDENTES
"O cenário não mudou muito para as empresas, que não se embalaram na inércia de uma economia fechada por trinta anos, previram que algum dia iriam enfrentar tal concorrência e já estavam preparadas, ou para aquelas que, por se terem internacionalizado no sentido inverso, tinham de dispor de tecnologia para exportar e já estavam acostumadas a competir. Se agora buscam um parceiro, por estratégia, têm boas condições de negociação e receberão valores compensadores, ao contrário daquelas que vêem na fusão ou na aquisição a tábua de salvação, senão irão fechar, que não têm praticamente nenhuma capacidade de negociação e fatalmente terão de render-se aos termos do investidor estrangeiro."


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