Novidades Importadas Lotam Vitrina
Enquanto aumenta
a preocupação em exportar produtos, a importação
ganha, cada vez mais, espaço, ao mesmo tempo que dezenas de milhares
de brasileiros lotam os aviões para fazer compras em Miami ou Nova York.
Sinal de que o grande mercado da economia globalizada está bem na nossa
frente, nas cidades lotadas de consumidores ávidos por novidades.
Quem atenta para esse fato está-se dando bem, como Luis Felipe Machado
Sant'Anna Filho, da Trekhos Importados - tel.: (0142) 34-2268, de
Bauru. Ele montou sua loja de 52 metros quadrados, em dezembro de 1994, num
shopping, oferecendo uma lista de 160 itens. Hoje, ele vende uma variedade dez
vezes maior, fazendo muito sucesso entre a meninada e os jovens, que formam
seu maior público, mas também chamando a atenção
do público adulto. É porque ele tem de tudo: brinquedos, enfeites
de Natal, porcelana chinesa, artigos eletrônicos, porta-retratos, agulhas
para costura, chaveiros, itens de papelaria, relógios-despertadores,
gaitas, isqueiros etc.
Sua vitrina vive lotada, mostrando a força que existe, quando há
oferta, atendimento e preço baixo. É o que ele conta a seguir.
A LUTA PELOS FORNECEDORES
"Há muito tempo, eu tinha vontade de montar uma empresa. Um amigo
meu trouxe dos Estados Unidos a idéia das lojas que estavam abrindo por
lá e fazendo o maior sucesso, vendendo artigos por US$ 1, e, por isso,
resolvi entrar nesse segmento, principalmente porque estava havendo a abertura
comercial brasileira para os produtos importados. Fiz uma parceria com a Dólar
In, que foi meio fracassada, pois, na época, acabei não recebendo
a mercadoria.
Houve uma confusão danada com um grande atacadista, um importador, que
deixou todo mundo na mão. Tinha feito um contrato de exclusividade para
a região, em que eu me comprometia a comprar determinada quantidade de
mercadorias para vender, mas ele não cumpriu as metas. Isso aconteceu
em agosto de 1994. Abri esta loja com um estoque pequeno, pois não sabia
onde comprar, quem poderia ajudar-me. Foi meio difícil no início,
pois, em janeiro e fevereiro, baixa muito o movimento, porque é mês
de férias e todo mundo sai da cidade. Mas, como eu tenho uma amiga em
Marília que estava nas mesmas condições do que eu, fizemos
o seguinte: quando ela descobria alguns importadores, passava para mim, e vice-versa.
Com isso, fomos aumentando nossa oferta."
A COMPRA POR IMPULSO
"Já cheguei à conclusão de que o franchising pode
ser bom por um lado, se o segmento estiver na moda, mas, por outro, é
ruim, porque você fica sem jogo de cintura. Às vezes, você
é obrigado, mesmo na crise, a comprar determinada quantidade de mercadoria.
É preciso ter liberdade e flexibilidade para poder trabalhar com a mercadoria
que você acha que está em voga.
Às vezes, você leva a maior fé num produto e ele não
vende, como acontece com as travessas de plástico. Os consumidores, aqui,
preferem os plásticos nacionais, porque são de melhor qualidade.
Mas existem coisas nas quais você acredita pouco e dá um estouro
de vendas, como, por exemplo, porta-retrato e gaita de sopro. Outra coisa que
influi é o preço. Logo que eu abri a loja, vendia artigos entre
R$ 1 e R$ 5, mas vi que eu poderia abrir mais o leque e oferecer outras coisas.
O perfil do meu comprador, 90%, é adolescente, que tem muita impulsividade.
Na minha loja, as pessoas compram mais por impulso. Eles vêm aqui no shopping,
entram, acham bonito, é barato, acabam levando."
GIRO GARANTIDO
"Talvez eu tenha dado sorte de entrar nesse segmento, que está em
voga no momento. A grande sensação, hoje, são os importados.
São baratinhos, e, como as pessoas estão completamente sem caixa,
quando precisam dar um presente, gastam pouco e saem satisfeitas. Hoje, é
preciso pensar muito mais no giro do que ficar com a mercadoria com o preço
muito caro.
Tem muita gente reclamando e passando dificuldade, devido à crise que
estamos vivendo, mas as pessoas ainda não se acostumaram a viver num
país sem inflação. O empresário, hoje, precisa redimensionar
seu lucro.
O governo ainda paternaliza muito a economia, e ela deveria ser livre, porque
se ajusta sozinha. As pessoas estão procurando preço e não
compram em qualquer lugar.
É interessante trabalhar com o público, porque você fica
vendo como as pessoas se comportam. Disso você vai tirando conclusões,
vai aprendendo. Atendendo bem, você acaba fazendo um público cativo.
Mas é importante conquistar o público através das vitrinas.
A gente faz de uma forma que, se você passar hoje, aqui, vai ver algumas
coisas, se passar amanhã, já tem mais artigos.
Na minha loja sempre precisa ter uma novidade, senão a pessoa deixa de
vir. Houve um momento em que vi a vitrina lotada e deixei ficar assim, pois,
a cada dia, a pessoa presta atenção em determinados itens, selecionando
o que quer ver e comprar. Sempre que vou no importador, tem alguma coisa diferente.
Uma das coisas mais difíceis de definir foi criar os espaços para
colocar as mercadorias e, mais tarde, conseguir implantar as gôndolas.
Foi difícil, houve muito desgaste, levaram muito tempo para fazer.
O SEBRAE/SP tem-me ajudado bastante, dando idéias e prestando assessoria
financeira."
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