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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 144 (08/01/1995)

Associativismo Fomenta Mudanças

Trabalhar trinta anos no mercado ou ter sua própria indústria há catorze anos não garante uma administração perfeitamente integrada aos desafios dos novos tempos. Foi preciso que o catarinense Norberto Ramos fosse estimulado por uma nova experiência, a Associação de Aval e Fomento (Associaval), criada em outubro de 1994, para que pudesse enxergar melhor seu próprio gerenciamento e, assim, partir para mudanças importantes.
Como precisou passar por uma triagem, feita por técnicos do SEBRAE/SP, para poder participar da associação, ele descobriu, por exemplo, que seu metro quadrado de produção estava muito caro. Teve, também, que fazer uma reciclagem pessoal, pois envolvia-se demais com o trabalho da empresa, o que tomava conta do tempo que deveria dedicar à sua estratégia empresarial. E vislumbrou a possibilidade de planejar seu crescimento, graças ao potencial de troca de informações e tecnologias com os outros 21 membros da Associaval e ao crédito que estará disponível para essa finalidade.
No depoimento a seguir, o proprietário da Norberto Ramos Indústria e Comércio Ltda. - tel.: (011) 563-4208 -, que tem 85 funcionários e é especializada em produtos de utilidades domésticas, como tampas descartáveis para frituras e cabides de ferro cromado, fala sobre o impacto do associativismo nas pequenas empresas.

COMO ENFRENTAR A MARÉ

"A Associaval é uma cooperativa que procura desenvolver a micro e a pequena empresas de forma mais dirigida. Hoje, o empresário brasileiro, principalmente o pequeno, não tem técnica administrativa nenhuma. Diante de ciclos alternados de euforia ou depressão, ele vai agindo conforme a maré. Nossa associação vai, então, ajudá-lo, dando orientação e fomentando seu desenvolvimento ordenado, técnico.
Os pequenos costumam não sobreviver exatamente por falta de informações e de apoio. Existem muitas dificuldades no acesso às linhas de crédito, e a Associaval vai facilitar esse processo. Mas isso é bem diferente de simplesmente liberar dinheiro para as empresas. No próprio trabalho de implantação da cooperativa, houve conscientização de todos os envolvidos de que não bastava assinar os contratos. Esse esclarecimento levou-nos a patamares diferentes. Eu, por exemplo, tenho feito investimentos, mas não com os recursos da Associaval, que pretendo usar para uma coisa mais nobre.
De 3 mil candidatos, foram selecionados oitenta, e destes ficaram apenas 22. O critério não foi relativo a irregularidades financeiras, nada disso, foi relativo ao gerenciamento empresarial, ao histórico de cada um. O processo foi liderado pelo SEBRAE/SP e patrocinado pelo Banco do Brasil. Os selecionados fizeram um depósito fiduciário de risco, e nos beneficiamos com um potencial de crédito na razão de um para dez."

ADMINISTRAR NÃO É EXECUTAR
"Sucesso não é aumentar preço, mas administrar de maneira mais eficiente, e isso já estamos fazendo. Pedi ao SEBRAE/SP um completo diagnóstico e uma análise de custos, um novo leiaute para nossa fábrica, que fica no bairro de Americanópolis, e possivelmente venha a pedir uma assessoria técnica sobre marketing. Alicerçado em informações e técnicos especializados, o pequeno empresário só tende a crescer. Nosso mal é querer fazer tudo ou agir muito por impulso.
É preciso delinear funções. Hoje, eu sinto que mudei, pois, praticamente, não cuido mais da parte financeira, só faço um acompanhamento e também apenas supervisiono a parte produtiva. Na área de vendas, dou alguns retoques, sem me envolver excessivamente. Hoje, eu procuro administrar, e não executar. Quando você pretende transformar-se em dez pessoas, acaba perdendo a visão de conjunto.
Mas isso não implica obrigatoriamente terceirizar. Cheguei a fazer uma experiência com terceirização, mas houve problemas de qualidade. Isso funciona para grandes empresas, mas não ainda para as pequenas, pois quem é terceirizado, na maioria das vezes, é pequeno, e isso significa apertada margem de manobra.
Outro gargalo que é preciso cuidar é o relacionamento com os fornecedores e com os compradores. O que vale nesse contato é a pontualidade dos prazos e pagamentos, é a honestidade, a boa conduta comercial."

UMA BOA IDÉIA SURGE NA COZINHA
"Gosto de cozinhar e, quando me dedicava a frituras, fazia muita sujeira. Peguei, então, um papel no escritório, grampeei, adaptei mais ou menos na forma de uma frigideira, peguei arame de fio elétrico, fiz um aro e coloquei em cima. Foi um sucesso entre os amigos, e resolvi patentear o produto. Isso foi há catorze anos. Até hoje, nossa tampa descartável para frituras vende bem. Normalmente, as necessidades vão desencadeando novas idéias.
Também ouvi excelentes sugestões de clientes. Foi assim que me interessei pelo ramo de cabides. Hoje, fazemos vários tipos de cabide, inclusive para saia, toalhas e tênis, e estamos para lançar uma linha infantil. Exportamos para a França, a Espanha e a Itália e alguns países do Mercosul. Um dos erros do pequeno empresário brasileiro é ainda não lutar por qualidade, diante da tese de que se pode fazer algo pior, para vender mais barato. Eu penso diferente. Bem-vindo o código do consumidor, pois teremos uma concorrência mais saudável, com qualidade e princípios. Se Deus quiser, viverei cem anos e ainda não terei atendido todo o mercado."


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