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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 516 (24/02/2002)

O Choque da Mobilização

Está na hora de os dirigentes empresariais de todos os portes e segmentos conscientizarem-se da necessidade de repensar a sua forma de participação junto das entidades de classe representativas do setor. Criticar a distância ou enviar representantes apenas para marcar presença é muito fácil, mas de nada adianta para a resolução de medidas que possam impulsionar o desenvolvimento do empreendedorismo no Brasil rumo a novos mercados. Esse excesso de comodismo, bem como a imobilidade de grande parte dos empresários brasileiros, reféns dentro dos seus próprios escritórios da burocracia e dos cálculos sobre os elevados encargos tributários que incidem sobre os seus negócios, pode sair caro e causar prejuízos que já poderiam estar sendo evitados se houvesse mais união e um comprometimento maior em conciliar interesses. Quem faz o alerta geral é Elvio Aliprandi, diretor da Iara Indústria e Comércio Ltda. - www.iara.com.br - e ex-presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). Em depoimento exclusivo, ele conta uma trajetória bem-sucedida como um dos principais líderes com larga experiência em mobilização empresarial, servindo de modelo e inspiração àqueles que realmente querem fazer a diferença.

POLÍTICA INDUSTRIAL
"Nós não temos uma política industrial definida, porque somos hoje um mercado globalizado e, dentro desse contexto, temos diversos sistemas de protecionismo, de subsídios e de sobretaxas. Do jeito que está, o industrial recebe a matéria-prima, olha para ela e já está pagando imposto sem nem ter gerado ainda o produto. Atualmente, o empresário, que deveria estar desenvolvendo a sua indústria para ter tecnologia, qualidade e baixo custo, virou um burocrata atrás da sua mesa, administrando essa parafernália, que são os impostos. Mas o desenvolvimento de uma política industrial para o Brasil vai além das reformas tributária e fiscal, pois deve envolver também aspectos complexos, como segurança com relação aos roubos de carga e melhora dos sistemas de transporte em geral. Até hoje não se cumpriu o artigo da Constituição que determina um tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas. O empresário de pequeno porte dificilmente tem acesso ao sistema financeiro, além de sofrer uma pressão violenta por parte de uma fiscalização punitiva e não orientadora, como deveria ser."

LIDERANÇA
"Precisamos admitir que o Brasil não possui ainda uma mentalidade empresarial à altura de se mobilizar e dar sustentação a um governo para as modificações que se fazem necessárias. Não se consegue mobilizar a classe empresarial junto com a classe trabalhadora, e essa separação entre o trabalho e o capital já não existe mais. Falta uma liderança empresarial mais forte e também a conscientização da necessidade de se mobilizar. Mobilização empresarial significa estarmos todos presentes exigindo aquilo a que temos direito para dar sustentação aos Poderes Legislativo e Executivo. Cabe ao governo fazer o papel de mediador nesse trabalho, com o fornecimento de dados passo a passo para que possamos conseguir fazer uma política industrial adequada. Existe certo comodismo à medida que os empresários querem que as coisas aconteçam, mas alguém tem que fazer por eles."

COMPROMETIMENTO
"Não existe fórmula mágica para resolver todos os problemas de uma só vez. A experiência mostra que, para cada assunto, deve ser formado um grupo de trabalho pela iniciativa privada e pelo governo que queira trabalhar de fato e sem dispersão. Tem que ter a seriedade de assumir o compromisso e de estabelecer um cronograma para chegar lá, com cobrança e acompanhamento. Cabe à Associação Comercial de São Paulo, como a entidade paulista mais antiga, continuar a exigir certas atitudes do governo e formar a união de todas as outras entidades brasileiras para que possa ocorrer uma modificação radical dos procedimentos que temos hoje. Isso implica inicialmente que a reforma político-partidária saia do papel por meio do voto misto e da fidelidade partidária. Isso vai gerar uma estrutura capaz de garantir uma base de sustentação para a aprovação de todas as outras medidas necessárias ao crescimento empresarial."


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