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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 520 (24/03/2002)

O Lucro da Vergonha

Enquanto os quinze maiores bancos que atuam no Brasil comemoram o aumento da rentabilidade em 2001, quem paga a conta é a iniciativa privada, que se vê cada vez mais empobrecida e atolada em endividamentos. Apesar de não poderem ser considerados os vilões da história, essas instituições financeiras fazem parte de uma estrutura operacional que impõe taxas e prazos inadequados e incompatíveis com as margens da capacidade produtiva da economia brasileira. Para muitos empreendedores que se sentem culpados pelo mau resultado do seu negócio, aqui vai um alento e também um alerta para a restauração da saúde financeira da empresa. O abuso da cobrança de tarifas nas negociações bancárias chega à beira da ilegalidade, o que permite uma reavaliação do montante devido dentro dos parâmetros reais do universo das finanças, bem como uma redução significativa do valor na maioria dos casos. Quem garante que essa possibilidade existe é Lazar Halfon - e-mail: [email protected] - , diretor da HSA Soluções Ltda., especializada na renegociação de dívidas de pessoas jurídicas. Em depoimento exclusivo, ele explica por que tantas empresas se tornam reféns dos seus credores, ao mesmo tempo em que aponta uma luz no fim do túnel.

ORIGEM
"Se formos analisar o perfil do empresário nacional, vamos descobrir que são bons homens de venda ou do setor produtivo que partiram para a abertura de um negócio. É difícil encontrar um industrial que venha da área de finanças, o que leva a um desconhecimento geral dos mecanismos e do raciocínio do mercado financeiro. Na verdade, temos uma política monetária de juros, com o valor do risco embutido, que permite que a dívida engorde de maneira desnecessária. Isso pode ser mortal para a economia do País, porque faz com que as empresas percam a competitividade e muitas cheguem até à falência. Costumamos dizer que os bancos assistiram ao filme do Robin Hood ao avesso, ou seja, eles cobram taxas altíssimas dos pequenos para poder emprestar para as grandes organizações cobrando tarifas bem mais baratas. Como o pequeno possui mais condições de sonegar impostos, o que temos hoje é uma transferência das riquezas do Estado para o sistema bancário."

VIABILIDADE
"Sempre vale a pena contrair empréstimos, desde que a empresa esteja financiando algo produtivo, cujo incremento na margem de contribuição possa amortizar os juros. É preciso fazer esse cálculo antes de tudo, e, se isso não for viável, é melhor não arriscar. No Brasil, temos o vício de acreditar que as coisas vão melhorar de uma forma ou de outra. Todo mundo senta e fica esperando por isso, enquanto os bancos vão financiando a constante necessidade de capital de terceiros por parte das empresas, camuflando muitas vezes a incompetência e a falta de iniciativa para gerar caixa sem tomar prejuízo. Quando se tem dívidas, é importante tentar renegociar primeiro com os fornecedores para garantir a sobrevivência da empresa e a geração de recursos para pagar os bancos. Esse valor deve ser decomposto e separado das cobranças indevidas para que se chegue à quantia real. Se os bancos forem priorizados, a empresa vai pagar mais do que deve e pode ficar inviabilizada de produzir."

PREVENÇÃO
"A renegociação tem de ser feita de forma lenta e transparente, levando em conta a situação de fato da empresa. Não adianta fazer um acordo só para adiar o problema, pois ambas as partes querem uma solução definitiva. Atualmente, atendemos empresas de médio porte que tenham contraído dívidas acima de US$ 2 milhões, e ganhamos uma taxa de êxito em cima do valor reduzido, que costuma variar de 20 a 70% do total devido. O grande gancho para isso é a abusividade das tarifas constatada na análise do histórico, além do custo muitas vezes desfavorável no fornecimento da matéria-prima. O importante é adotar uma estratégia preventiva e antecipar-se para facilitar a renegociação em pé de igualdade com o credor, evitando assim o desgaste e a fragilização da imagem. Para retomar o crescimento, é fundamental que a organização pense na sua atividade-fim, isolando a dívida e as interferências negativas que ela acarreta na estrutura operacional."


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