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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 561 (05/01/2003)

Sinos para Viagem

Se muitos brasileiros deixam o País em busca de oportunidades no mercado externo, pessoas de outras nacionalidades acabaram encontrando aqui sua razão de viver, de forma produtiva e participativa na comunidade em que atuam. É o caso do italiano Sérgio Marenco, que trouxe a fábrica de sinos herdada da família da mulher dentro das malas de imigrante no final da década de 50. Desde então, a Fundição Artística de Sinos Crespi - Tel.: (11) 3831-4724, localizada no bairro paulistano de Pirituba, já produziu mais de 3 mil sinos para todo o mundo, trazendo momentos de alegria e emotividade a cada nova instalação. Em depoimento exclusivo, o diretor da empresa declara a sua paixão pelo Brasil e revela como faz para conciliar a produção mensal de uma tonelada de sinos com a administração de cinco padarias, além de desempenhar um papel ativo no desenvolvimento social e econômico da região.

OPORTUNIDADE
"A minha vinda para o Brasil começou em 1958 no mês de julho. Cheguei aqui, passei pelo centro de imigração e fui trabalhar na Mercedes-Benz fabricando motores e cabeçotes na Vila Anastácia, em São Paulo, durante a noite. Às 6 horas da manhã, eu saia da fábrica e ia a pé até a Barra Funda, onde trabalhava em uma fundição, na fabricação de torneiras para Brasília. Fiquei nessa vida um ano e meio e só depois, com as economias, consegui comprar uma cocheira em Pirituba. Foi então que chamei todo o resto da família na Itália. A minha esposa já tinha me levado à indústria do pai dela, em Milão, que atuava na fundição de sinos há 450 anos. Meu sogro queria fechar a fábrica, mas eu fiquei pensando que uma fábrica com tantos séculos de tradição teria que completar 500 anos. O Brasil acabou chamando-me a atenção não só para fazer sinos mas também para continuar a tradição. Se tivéssemos ficado na Itália, teríamos fechado, e eu resolvi então dar continuidade à empresa aqui. Outro motivo foi saber que se tratava de um país que tinha construído uma capital do nada."

DEDICAÇÃO
"O mais importante em um negócio é saber administrar o dinheiro, coisa muito difícil para o brasileiro, que encontra muitas dificuldades nesse sentido. Administrar dinheiro é a coisa mais importante que o brasileiro não sabe fazer. O restante é sacrificar-se para a indústria, pois quem quer ser industrial tem que se sacrificar, tem que dedicar o seu tempo e procurar sempre ficar de olho aberto, mesmo durante a noite. Deve acordar com um pedaço de papel para calcular se é possível aumentar a produção, qual a máquina que pode ajudar na produtividade. Geralmente, o empresário brasileiro não tem essa preocupação. Talvez isso aconteça porque o Brasil sempre viveu numa situação boa, sem guerras, com o povo ganhando dinheiro muito fácil. Ele precisa dedicar-se com amor ao seu empreendimento e deixar de gastar dinheiro à toa, tem que pensar na empresa, porque o lucro deve estar voltado para o crescimento da organização, devendo ser investido nos salários e no maquinário."

SEM DESÂNIMO
"Além de saber administrar um negócio, é preciso aprender com ele para melhorar os produtos e serviços. A economia é importante, mas nunca em cima do salário dos funcionários, e sim em relação a formas mais baratas de obter matéria-prima e no aperfeiçoamento das técnicas produtivas. Nós participamos de tudo que possa beneficiar o bairro de Pirituba, com 500 mil habitantes hoje. Não se trata de uma obrigação, pois a integração com a comunidade reverte em benefícios de todos e a indústria cresce com isso. Sou apaixonado por este país, porque o Brasil tem condições de melhorar e tem pessoas boas, competentes, e vamos, com paciência, chegar lá. Nunca sonhei com grandes milagres, porque acho que quem faz milagre é o povo, e a nossa obrigação é colaborar com o governo para ver se conseguimos ser menos precipitados. É preciso não desanimar, mesmo porque não tem outro jeito. Se o empresário fechar a empresa, vai encontrar dificuldades fora dela, uma vez que não é fácil arranjar emprego no mercado. É preciso tocar em frente sempre com o pé no chão, porque uma empresa pode cair de uma hora para outra, independentemente do tamanho. Se os dirigentes não souberem administrar, qualquer uma quebra."


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