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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 566 (09/02/2003)

Lucro por Obrigação

O compromisso com a melhora das condições de vida da população tornou-se a grande causa do momento para a sociedade brasileira, especialmente com o novo governo. Embora todos os setores da economia estejam dispostos a dar a sua cota de contribuição para a construção de um país mais justo e solidário, é necessário entender certos princípios que norteiam a livre iniciativa para que ela também possa fazer a sua parte. Antes de mais nada, falar em obrigação social para as empresas não passa de um modismo que deve ser repensado e esclarecido. Na verdade, cada organização corporativa possui uma função social, uma vez que produz ou transita mercadorias e serviços, gerando receita e empregabilidade, além de fazer circular a riqueza nacional. Portanto, a única obrigação que pode ser cobrada de um negócio é que ele dê certo, que obtenha lucro, para que as contribuições tributárias venham a desempenhar o seu papel social de fato. Essa reflexão vem de Marco Aurélio Sprovieri, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de material Elétrico e Aparelhos Eletrodomésticos, no Estado de São Paulo (Sincoelétrico) - e-mail: [email protected] - Tel.: (11) 223-8377. Em depoimento exclusivo, ele fala sobre as dificuldades do segmento, em particular do pequeno varejo que mal chega a completar um ano de vida na maioria dos casos.

DESLOCAMENTO
"O setor de material elétrico tem mudado a sua característica original, por ser um setor altamente comercializado. Antes, o foco era somente material elétrico e, hoje, o segmento vem sofrendo mudanças significativas. Se andarmos pelos principais redutos de venda desses produtos, vamos notar que a parte destinada à eletrônica, à informática e aos aparelhos de som e de telefonia tomou um grande espaço. Isso fez com que as casas de material elétrico se deslocassem um pouco para a periferia da cidade, deixando também de ser exclusivamente de material elétrico para abranger componentes de hidráulica e de material para construção. A especialização caiu porque ela não é suficiente para sustentar o negócio, especialmente na loja de bairro que sofre com a concorrência dos supermercados, que concorrem justamente na venda das mercadorias de alto giro, que são o sustentáculo do pequeno comércio, obrigando-o a agregar novos produtos para o dia-a-dia."

TENDÊNCIA
"Essa tendência começou na década de 90, em razão das crises econômicas que o Brasil vem sofrendo sucessivamente. Por outro lado, isso levou as indústrias a terem políticas mais agressivas, incluindo a venda direta ao consumidor final. Nós estamos notando que houve uma mudança de fluxo, ou seja, as fábricas abaixaram os seus limites mínimos de faturamento e dispensaram muitas das exigências de cadastro. Muitas indústrias atravessaram as lojas, e os atacadistas também vêm causando problemas para o comércio varejista, uma vez que também passaram a revender materiais elétricos no varejo, dentro da própria embalagem de fábrica. Como o último elo da cadeia, o pequeno comerciante teve que diversificar para sobreviver. O pequeno lojista tem extrema dificuldade em estabelecer parcerias com as indústrias que possuem políticas de fornecimento incompatíveis com a capacidade operacional e financeira do comércio de menor porte. Ele também é pouco fiel e não se preocupa muito com esse aspecto, preferindo, erroneamente, a diferença de alguns centavos numa compra junto de um distribuidor."

MORTALIDADE
"O comércio é muito individualista, e isso acabou criando uma dificuldade para organizar políticas coletivas, o que beneficia a indústria. O que mata as micro e pequenas empresas, que não chegam a completar cinco anos em 80% dos casos, é a carga tributária e a burocracia. Se o empresário cumprir religiosamente as obrigações tributárias, ele não consegue sobreviver. Para resolver os conflitos trabalhistas, o Sincoelétrico participa da Câmara Intersindical de Conciliação Trabalhista do Comércio de São Paulo (CINTEC-SP), uma das melhores iniciativas que o Ministério do Trabalho permitiu, porque veio desburocratizar, tirando da Justiça os processos que se arrastavam por anos e que não atendiam ao interesse de nenhuma das partes envolvidas."


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