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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 660 (28/11/2004)

Herdeiro da Livre Iniciativa

Empreender por necessidade costuma ser uma das saídas mais frequentes para milhares de brasileiros que não encontram postos de trabalho capazes de garantir a sobrevivência de suas famílias. Não é por acaso que muitos se aventuram todos os dias no mercado, sem a menor estrutura para abrir e manter um negócio, totalmente alheios à importância de perenizar a empresa do ponto de vista profissional, inserindo-a no contexto social. No entanto, transformar o empreendedorismo em uma razão de viver, deixando para trás uma carreira já consolidada e bem-sucedida em uma empresa de grande porte, revela uma atitude corajosa e destemida que distingue o verdadeiro empreendedor de um simples aventureiro. Este é o caso de Daniele Pestelli, diretor-presidente da Fitas Metálicas Indústria e Comercio S.A. - www.fitas.ind.br -, empresa especializada do ramo de aço para o setor industrial e diretor titular do Ciesp de Guarulhos. Em depoimento exclusivo, ele conta como transformou em realidade o sonho do pai, um imigrante italiano que almejava encontrar na América o caminho para a independência e, mesmo empregado, deu o ponto de partida para a livre iniciativa.

APRENDIZADO
“Com a morte do meu pai, mesmo sendo engenheiro químico, decidi assumir a pequena empresa de fitas metálicas que ele tinha iniciado com as sobras do aço da companhia para a qual trabalhava. Por meio de um amigo, fiquei sabendo que, com aquelas máquinas, poderíamos cortar aço para finalidade elétrica. Começamos por duas bobinas de aço importadas que valiam cerca de US$ 20 mil. A GE nos mandou o material para ser cortado e, para melhorar o serviço, criamos mecanismos para tirar as rebarbas que se formavam. Rebobinamos tudo e mandamos novamente para o cliente que ficou muito satisfeito. Com o passar do tempo, notamos que o material era encaminhado para outra empresa para ser estampado em lâminas destinadas à formação de motores. Comecei então a me interessar por essa parte de estampagem, fui atrás de novos contatos, desenvolvemos ferramentas, prensas e fomos avançando até nos tornarmos o que somos hoje.”

CONCORRÊNCIA
“Fazemos parte de um segmento relativamente pequeno dentro do mercado do aço, mas altamente especializado, que requer um profundo conhecimento de aço, de mecânica fina, além de um bom conhecimento de metalurgia e de eletrônica. Em termos de concorrência, deveríamos criar um novo termo, que seria a coopetição, ou seja, competição associada à cooperação. É isso que procuramos estabelecer com os nossos concorrentes, quer dizer, tentar cooperar na resolução dos problemas comuns. Essa é a minha visão de negócios para esse segmento. Não vou dizer que seja fácil de ser feito e que os concorrentes aceitam isso de modo simplista, mas temos conseguido alguns resultados favoráveis. Desde o final dos anos 90, adotamos a estratégia de nos entendermos como uma extensão dos nossos clientes, porque praticamente 95% deles são cativos. Para isso, começamos a colocar toda a nossa equipe para dentro da casa dos nossos clientes. Ao contrário da venda convencional, nós passamos a trabalhar como se não vendessemos um produto, mas sim um processo. Por isso, os vendedores são chamados de desenvolvedores de negócios.”

MOMENTO ETERNO
“No Brasil, o ato de empreender ainda não está ligado à continuidade das empresas e isso é algo preocupante. Eu acredito que qualquer empresa tem muito mais valor para a sociedade do que para os seus donos, porque está inserida no contexto da comunidade à qual pertence, gerando tributos e empregos. O problema é que a maioria dos empresários brasileiros não possui essa óptica, tanto é que nós tivemos gerações e gerações de empresas nesse recente processo industrial brasileiro que acabaram morrendo, apesar de todos os esforços e das tentativas de renegocição. É claro que as empresas morrem no mundo inteiro, mas muitas deixaram de existir porque não souberam construir o caminho para a perenização. O que atrapalha o empreendedorismo é a postura individualista e extrativista de quem quer arrancar o máximo possível de um bom momento da livre iniciativa, sem entender que esse momento deve ser eterno.”


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