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« Memória Empresarial • ANO XXVIII - Ed. 760 (29/10/2006)

O Lado Negro da Recuperação

Todas as empresas estão sujeitas a entrar em crise, seja pela má gestão de seus dirigentes, seja pela prática de estratégias mal-sucedidas. Independentemente da causa, o mercado não perdoa quem ignora os sinais dos problemas internos das organizações e, em vez de prevenir, tenta remediar a situação quando quase já não há mais solução. Por isso, a rotina empresarial exige de todo empreendedor visão detalhada do negócio em termos de acompanhamento da margem de lucro do produto ou serviço oferecido, para que, com o passar do tempo, a inflação não acabe comprometendo o fluxo de caixa, que, por sua vez, pode levar a empresa a sonegar impostos, a contrair dívidas e a apelar para procedimentos ilegais, chegando ao extremo de comprometer a folha de pagamento dos funcionários, que passam a tornar-se verdadeiros inimigos com os quais fica difícil contar no processo de recuperação. Quem alerta para esse perigo é o consultor Richard Doern, há onze anos especializado em administração de empresas em crise e diretor da Phoenix Strategic Financial Advisors - e-mail: [email protected] - Tel.: (11) 5641-4124. Em depoimento exclusivo, ele indica as principais causas que comprometem a sobrevivência das empresas, além de destacar os cuidados que devem ser tomados do ponto de vista preventivo.

CAUSAS
"As crises instauram-se nas empresas basicamente por dois motivos. O primeiro deles é a má gestão, ou seja, a empresa está sendo mal gerida ou os profissionais que nela estão atuando não possuem a competência necessária para conduzi-la, ou podem estar desatualizados. O segundo ponto a ser considerado são as estratégias e os planos mercadológicos mal definidos. Quando se chega numa empresa que não tem plano estratégico, é mais fácil fazer um trabalho, porque não precisamos convencer os dirigentes de que aquele caminho pelo qual ele estava seguindo é o errado. Nesse sentido, é possível criar um planejamento estratégico e implementá-lo rapidamente. Quando já existe uma rotina, fica bem mais difícil, pois todos estão envolvidos com aquilo até o pescoço, e já foram feitos investimentos. Existe também um terceiro fator, mais característico de empresas familiares, que acontece normalmente na terceira geração, quando entram os genros, as noras e os filhos da quarta geração que querem participar da empresa, instaurando a crise."

SINAIS
"O maior problema é o que chamamos de margem de contribuição dos produtos e serviços. Com a necessidade de cobrir o caixa, a empresa acaba vendendo sem lucro ou com um lucro muito pequeno. Esse é o primeiro sinal, quando o empresário percebe que o preço de venda não está acompanhando a inflação. O segundo sinal é o aumento do endividamento junto dos fornecedores e depois com os bancos. O primeiro passo é deixar de pagar os impostos, apesar de ser a decisão mais fácil, por outro lado é a dívida mais cara que existe. Nessa fase, a empresa começa a atrasar o pagamento dos fornecedores até o dia em que o empresário desconfia que não vai conseguir pagar os salários, cai a ficha para ele, mas, aí, infelizmente, já foi. Costumamos dizer que acendeu a luz preta. Existem as etapas da luz verde, da amarela e da vermelha. Seria muito melhor se as empresas nos chamassem quando acendesse a luz amarela, mas a maioria nos procura somente nos casos extremos."

SEM MILAGRES
"Quando acende a luz preta, o empresário está de joelhos e aceita fazer qualquer coisa, o que é muito ruim, porque existem no mercado os chamados ‘milagreiros’, profissionais mal-intencionados com soluções aparentemente milagrosas que levam a empresa a se acostumar com a prática de procedimentos ilegais. Muitos dirigentes entram nessa história e pioraram a situação, que fica praticamente irrecuperável. Duas medidas são importantes para evitar isso. Primeiro, ter a contabilidade nas mãos, ou seja, fazer com que ela realmente reflita a situação patrimonial e econômico-financeira da empresa. A contabilidade está virando controladoria, uma vez que fornece os subsídios para que a empresa possa tomar suas decisões. Depois, é preciso ter uma controladoria bastante sofisticada, pois quanto mais números e informações, melhor para enxergar o problema com antecedência."


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