Da Natureza para o Mercado
Já faz anos que os produtos naturais deixaram de ser considerados mais um modismo para se tornarem uma tendência irreversível nos mais diversos segmentos mercadológicos. No entanto, para entrar nesse mundo relegado a um pequeno nicho de consumidores até pouco tempo atrás, não basta apenas o interesse e a vontade de montar um negócio com base nesse apelo cada vez mais forte da sociedade por hábitos alternativos de vida e de comportamento. É preciso estar ligado essencialmente a um conjunto de valores que conduz uma iniciativa empreendedora ao sucesso por meio de uma atuação pautada pela ética e pela seriedade na transformação da natureza em fórmulas consagradas para o bem-estar individual, em comunhão com o bem-estar do Planeta. Essa tem sido a missão empresarial de Clélia Angelon, presidente da Surya Brasil - www.suryacosmetics.com. Em depoimento exclusivo, ela revela como conseguiu conciliar seu estilo de vida natural com a capacidade de gerir uma empresa, conhecida internacionalmente pela qualidade e pela garantia dos cosméticos que fabrica, com inspiração na henna e nas riquezas da flora amazônica.
PIONEIRISMO
"Eu morava na Itália para estudar psicologia, mas, quando fui passar férias em Londres, conheci um indiano e acabei casando-me com ele. Deixei a faculdade para trás, porque me identificava mesmo com os negócios, com o mundo empresarial. Naquela época, meu marido tinha uma rede de lojas em Londres, mas eu queria voltar para o Brasil. Começamos a atuar aqui da mesma forma que fazíamos em Londres, ou seja, importávamos produtos da Índia para dar continuidade ao negócio no Brasil. Nós começamos a importar henna, uma planta para tingimento de cabelos em 1980, mas não fomos bem sucedidos. Foi quando ficamos sabendo de uma empresa que estava muito em alta com esse produto nos Estados Unidos e conseguimos a representação e a distribuição dessa marca por dez anos. Na realidade, nós fomos os primeiros a introduzir a henna no País."
EXTENSÃO
"Quando nos separamos, ele foi embora do Brasil e continuei com o negócio sozinha. Depois, resolvemos lançar a Surya como marca exclusivamente nossa. A partir da henna, começamos a perceber que existia um mercado enorme, porque, quando começamos a exportar os nossos produtos com sucesso para os Estados Unidos, pude constatar que o mundo natural existia, que não era só uma filosofia minha. Hoje, além de exportarmos para dezesseis países, estamos muito bem representados nos EUA (88% do território americano). Ao todo são mais de 700 pontos de venda em 30 estados. Com isso, percebi que existia um mercado com um potencial muito grande de crescimento. Como passei a ser naturalista desde os 16 anos de idade, eu vivenciava essa experiência e, de repente, pude concretizar isso. Foi mais fácil, porque fazia parte do meu mundo. Não era moda nem oportunidade, e sim uma extensão minha, uma filosofia de trabalho que aplicamos aqui na empresa e funciona pelo fato de vivenciarmos isso, e não de produzirmos de forma automática."
TECNOLOGIA
"Utilizamos todos os conhecimentos de plantas, fórmulas, porém o mais importante é a filosofia. Nós temos um laboratório químico, e, ao todo, são quase duzentos funcionários. Estamos começando um laboratório em Manaus, onde temos uma bióloga que desenvolve a linha de cosméticos Amazônia Preciosa. A Surya existe hoje como indústria muito em razão do meu sócio, Leonardo Goldstein, filho de uma pessoa muito amiga, que era especialista em automoção na General Eletric dos EUA. Foi ele que industrializou a henna, porque, quando começamos, a produção era bastante artesanal, pois não tínhamos toda a tecnologia que aplicamos atualmente. Hoje, somos uma empresa pequena, mas com a estrutura de uma empresa grande. Nós fomos crescendo muito devagar, porém de forma sólida e bastante sustentável. A distribuição é feita por meio de distribuidores, representantes e atacadistas em todo o Brasil. Já temos a nossa estratégia para 2007, que será rever os pontos de venda e atacar em todos os mercados, com ênfase no varejo. O primeiro foco era fortalecer a distribuição para agora podermos atacar com a ajuda da mídia."
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