Conhecimento garante êxito
Há setores em que o conhecimento técnico, a experiência profissional e a vivência do mercado, antes da vocação empreendedora, são os maiores responsáveis pelo sucesso do empresário. Não constitui novidade que executivos, em cargos no topo da administração, se defrontam a certa altura de sua trajetória com a opção de redirecionar o foco de interesse para o negócio próprio. Um desses exemplos é o engenheiro químico Newton de Oliveira, diretor presidente da IBG Indústria Brasileira de Gases www.ibg.com.br , que construiu brilhante carreira de executivo antes de se tornar empresário. Com mestrado em engenharia química e doutorado em administração de empresas, chegou aos 36 anos à presidência da subsidiária mexicana de uma multinacional sueca, como relata em entrevista exclusiva.
Jovem ainda, quando os altos executivos normalmente já estão se aproximando da aposentadoria, Newton tinha consciência de que sempre trouxera os melhores resultados para as empresas em que trabalhava. “Se posso conseguir o melhor para elas, porque não fazer o mesmo para mim?”, começou a questionar-se. Decidiu então abrir o próprio negócio no ramo que conhecia a fundo: gases industriais.
PREVENDO PROBLEMAS
“Tive a certeza de que a oportunidade estava no mercado brasileiro, bastante fechado e dividido entre si por umas poucas multinacionais. Comprei nos Estados Unidos uma unidade de produção de acetileno, retornei ao Brasil e no prazo recorde de praticamente 15 dias a minha empresa estava montada. Comprava oxigênio das siderúrgicas, as maiores consumidoras que na época tinham grandes fábricas do produto e dispunham de algum excedente. Conhecendo o funcionamento e as regras do mercado, previa que as multinacionais nunca iriam aceitar empresa não ‘alinhada’ com elas. Quando a situação se tornou insustentável devido à forte pressão das indústrias de gás sobre as siderúrgicas, eu já tinha em operação a fábrica de gás de oxigênio que havia importado dos EUA. Desde então sofremos todo tipo de retaliação possível e o negócio é bastante difícil, mas em 17 anos e meio de existência tornou-se forte em algumas regiões, com cerca de 60 a 70 por cento do atendimento da rede hospitalar, e 3 por cento do mercado total do País”.
MÃO NA MASSA
“Para adaptar a atuação de executivo profissional ao estilo empreendedor, tive de mudar muita coisa. Retornando ao Brasil, de repente já estava ‘colocando a mão na massa’, porque uma coisa é ser presidente de multinacional e outra é começar a empresa do zero; quando dirige a empresa você não desce a detalhes de como fazer uma Nota Fiscal, por exemplo, o que parece prosaico, mas é necessário saber. Tivemos de passar por isso e aprender mesmo e na medida em que a empresa foi se auto-sustentando fomos trazendo profissionais da melhor qualidade para tomar conta desses setores, sendo hoje muito bem estruturada, com 300 funcionários. E estamos aprendendo ainda, porque o País é complexo, a legislação é complexa e procuramos trabalhar rigorosamente dentro da lei, como toda empresa séria. Porém, às vezes, falhamos por desconhecimento mesmo: exemplificado, entre a minha saída e a volta do México, a jornada de trabalho de operadores de produção e de vigilantes, que era de 8 horas, reduziu-se para 6 horas mais 15 minutos de descanso”.
COM UM PÉ LÁ FORA
“A dificuldade crescente em importar plantas industriais para aumentar a nossa capacidade de produção, levou-nos a abrir nos EUA, em sociedade com um técnico americano, a Gás Engeneering, para manufaturar nossas unidades e de terceiros; temos escritório em Los Angeles, além de outro na China, onde 12 engenheiros trabalham no desenvolvimento dos equipamentos. Já vendemos para uma siderúrgica brasileira planta ao custo de 11 milhões de dólares, que deverá ser instalada em fevereiro, outra para a África, um projeto para o Chile e estamos ainda negociando unidades para Vietnã, Rússia, entre outros países. Com um ‘pé lá fora’, a intenção é também estar sempre atualizado com as tecnologias mais modernas tanto de produção quanto de distribuição, equipamentos etc. e essa empresa nos EUA propicia o intercâmbio de know-how, fator importante para nossa sobrevivência, mantendo-nos sempre no topo e em condições de atender a outros países”.
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